Isabella

30/4/2008
José Renato M. de Almeida

"Repudiamos o assassinato de Isabella e ficamos estupefatos por ter sido finalizado pelo próprio pai, sem esboçar qualquer pedido de socorro à criança. A comoção e a revolta nos impede de tomar consciência de que também somos capazes desse mesmo tipo de violência. Diariamente, cometemos, aceitamos em silêncio e sem alarde, violações, crueldades e assassinatos contra crianças, já nascidas ou não. Muito nos empenhamos para aprovar leis que legalizem e/ou descriminem os abortos provocados e a destruição de embriões humanos. É que os embriões e os fetos ainda não expõem em seus traços a imagem que reconhecemos como sendo de uma criança, e que tanto nos emociona e enternece. O que os olhos não vêem ou não reconhecem é mais fácil dar um fim e esquecer. Não há fotos de doces carinhas, sorrisos, nem olhos meigos brilhando de alegria. Apenas um montinho de células que já contém toda a estrutura genética de um ser humano, com DNA único e inalterado até o fim da vida, mas que infelizmente ainda não sorri, não faz beicinho e gracinhas para comover a nós, seus pais, seus algozes. Vale considerar que nós outros, espectadores revoltados com esse crime hediondo, também eliminamos, calculadamente ou não, 'aquilo' que nos incomoda."

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