Língua portuguesa

5/5/2008
Olavo Príncipe Credidio – advogado, OAB 56.299/SP

"Sr. diretor de Migalhas, ao receber ontem, de um de meus filhos, considerações sobre as mudanças da língua portuguesa, atrevo-me a comentá-las.

Mudanças na ortografia da Língua Portuguesa a partir de Janeiro de 2008

A partir de janeiro de 2008, Brasil, Portugal e os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste terão a ortografia unificada. O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol. A ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais. Sua unificação, no entanto, facilitará a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros. Com as modificações propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal seja modificado. No Brasil, a mudança será bem menor: 0,45% das palavras terão a escrita alterada. Mas apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país.

Resumo da ópera - o que muda na ortografia em 2008:

- As paroxítonas terminadas em 'o' duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de 'abençôo', 'enjôo' ou 'vôo', os brasileiros terão que escrever 'abençoo', 'enjoo' e 'voo'.

- mudam-se as normas para o uso do hífen

- Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos 'crer', 'dar', 'ler', 'ver' e seus decorrentes, ficando correta a grafia 'creem', 'deem', 'leem' e 'veem'.

- Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como 'louvámos' em oposição a 'louvamos' e 'amámos' em oposição a 'amamos'.

- O trema desaparece completamente. Estará correto escrever 'lingüiça', 'sequência', ‘frequência’ e 'quinquênio' ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.

- O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação de 'k', 'w' e 'y'.

- O acento deixará de ser usado para diferenciar 'pára' (verbo) de 'para' (preposição).

- Haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos 'ei' e 'oi' de palavras paroxítonas, como 'assembléia', 'idéia', 'heróica' e 'jibóia'. O certo será assembleia, ideia, heroica e jiboia.

- Em Portugal, desaparecem da língua escrita o 'c' e o 'p' nas palavras onde ele não é pronunciado, como em 'acção', 'acto', 'adopção' e 'baptismo'. O certo será ação, ato, adoção e batismo.

- Também em Portugal elimina-se o 'h' inicial de algumas palavras, como em 'húmido', que passará a ser grafado como no Brasil: 'úmido'.

- Portugal mantém o acento agudo no 'e' e no 'o' tônicos que antecedem m ou n, enquanto o Brasil continua a usar circunflexo nessas palavras: académico/acadêmico, génio/gênio, fenómeno/fenômeno, bónus/bônus.

Fontes: Revista Isto É, Folha de São Paulo e Agência Lusa

E houve por bem fazer uns comentários: Por exemplo, quando falávamos MOOCA, do tupi - MBO OKA (fazer casa) o som de ambos os 'os' davam a necessária abertura, sem necessitar acentuá-los. Por isso acentuávamos 'abençoo', 'enjoo' e 'voo'. Como fica agora=Moóca ? Bem! Eu acredito que todas essas reformas são elaboradas por quem não tem muito o que fazer e somos obrigados a aceitá-las. Muitas delas fugiram da origem, da etimologia das palavras, extirpando o sentido, a pronúncia original. Ademais, cada País é um país, com sua tradições, sua língua. Temos palavras oriundas do tupi-guarani. Qual outro país as têm ? Nenhum em língua portuguesa, consta o Paraguai mas é espanhola a língua. Por que então igualá-los? Se aceitássemos o português original, advindo do latim e do grego, sem modificações a coisa ficaria não só mais fácil, mas mais lógica, mais entendível; mas a língua é um fato vivo e se codifica dia após dia. Vejam o latim. Ao elaborar meu dicionário de palavras portuguesas advindas do latim encontro, no latim, as advindas do F?(fi) grego escritas com PH, para diferençá-las do F; encontro o T (theta) grego escrita com TH, também para diferençá-la; mas, exceto quanto aos diacríticos ásperos que, por exemplo, substituímos no português por 'H', no começo das palavras, pouca diferença há. Nós conservamos o espírito áspero em inúmeras palavras com o nome de acento grave. Não sei pois, o porquê de não conservarmos aquele espírito grego, por exemplo na palavra harmonia (à?µ???a), acrescentaram o H para diferençar a pronúncia que realmente nem se pronuncia em português como grave, pelo menos no Brasil; mas respeitavam a etimologia, a origem, a razão de ser. Retirando o trema das palavras, obviamente deveríamos estar pronunciando, com K, sem necessitarmos do U, por exemplo, frekência, kinkênio, já que voltamos ao 'K'. Abandonamos sem saber o porquê a pronúncia original obrigatória do u, obrigatória pelo Q, que sozinho não se pronuncia sem o U que advém do ? minúsculo (upsilon) grego=?. Bem. Este é só um leve comentário. Eu, na minha infância aprendi tudo isso e não mais me esqueci da origem, que vim a estudar mais tarde. Os que aprenderem com essas modificações terão algo a comentar ? Duvido ! Extinguiram o grego e o latim dos cursos clássicos, línguas que obrigavam a raciocinar na elaboração de textos, importantíssimos, principalmente para quem se dedica ao Direito, a elaborar leis, tais como parlamentares; e interpretá-los, advogados e juízes, principalmente estes, em que vejo tantas interpretações errôneas, em detrimento da Justiça, como apontei em meu livro 'A Justiça Não Só Tarda... Mas também Falha'. Ocorreu-me, ainda, verificar como ficarão os plurais do verbo ver e vir. O primeiro, no presente do indicativo que eram vêem e, pela regra nova passaria a ser veem; o segundo que era vêm e pela regra nova será veem. Não haverá confusão; ou o que valerá será o sentido da oração ? Analisando, ainda, o nosso alfabeto e as interpretações das letras gregas, até do latim, sugeriria que deveriam em nosso alfabeto adotar algumas letras gregas e sinais diacríticos, tais como F(fi), em vez de ph; ? (theta), em vez th; `(acento grave) em vez de h (como espírito grave) no início das palavras, mesmo porque a palavra alfabeto deriva do grego; mas esta é só uma sugestão, baseando-me que cerca de 16.000 vocábulos nossos são derivados do grego e, pelo menos, conservaríamos e observaríamos a etimologia. Atenciosamente,"

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