Lula e o imposto sindical

6/5/2008
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"Quem não se lembra de quando Lula vetou a fiscalização das verbas da contribuição sindical? Na ocasião, o ministro da Previdência Social, Luiz Marinho, declarou que o tal veto era um ato de respeito à Constituição. Para nós, mortais e idiotas, todas as verbas devem ser fiscalizadas, até porque as que são fiscalizadas são alvos de constantes maracutaias. Imaginem as não fiscalizadas. Mas, sendo Lula um ex-líder sindical, assim como Luiz Marinho, deveriam ter motivos para achar desnecessária a fiscalização. E não é que tinham razão? No último final de semana, mais um escândalo nessa terra de escândalos, de um por dia, sempre envolvendo verbas, dinheiro, a bufunfa minha gente. Não é que os dirigentes da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Terrestre – CNTTT, que estão no cargo há 10 anos – sabe? Essa história de sucessivas reeleições? – desviaram coisa de R$ 3 milhões anuais do imposto sindical destinado à entidade. Como? Primeiro, recebendo – eles, os dirigentes – cada um, R$ 15.000,00 de ajuda de custo por mês. Depois, porque era praxe na CNTTT pagar, aos dirigentes, suas esposas e filhos, viagens a resorts no nordeste do Brasil e, também, às principais capitais européias, tudo em hotéis de primeira categoria. E, nada de transportes terrestres, tudo de avião, em classe executiva. Foram, além disso, viagens à Tóquio e uma, em especial, a Portugal, já que a esposa do presidente, Omar Gomes, tinha de pagar uma promessa, em razão de recuperação de problemas de saúde. Omar, o presidente, já no segundo mandato, estava pronto para o terceiro, agora em abril, suspenso pela justiça. Mas, não é só. A entidade fornecia, ainda, empréstimos aos diretores, empréstimos milionários, a juros subsidiados, posteriormente perdoados. O quadro, dramático, é o seguinte: simples motoristas, cobradores, ferroviários, cujos salários custeiam, a cada ano, o caixa da entidade, acabam por financiar passagens e hospedagens em hotéis cinco estrelas de pelegos e suas famílias. O pagamento do imposto sindical é compulsório e o presidente Lula vetou o artigo da lei aprovada pelo Congresso que exigia a fiscalização das verbas destinadas aos sindicatos, federações e confederações. Assim, usa-se o dinheiro como se quer, em uma grande farra que o ministro Luiz Marinho aprova como sendo de respeito à nossa Constituição. A isso se chama transparência. A isso se chama democracia, a esse monte de pelegos no poder."

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