Irresponsabilidade

"Todo o Brasil acompanha o resgate dos corpos do naufrágio da embarcação Comandante Sales 2008, que afundou no último domingo, no Rio Solimões, no Amazonas. O barco, que tinha capacidade para 32 passageiros, levava mais de 100, inclusive seus dois proprietários, que também estão desaparecidos no acidente, cujos corpos não foram encontrados. Mais um acidente com aquelas inseguras embarcações, o único meio de transporte naquela região tão carente de nosso país. Na última quarta-feira, o Ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, ao chegar à Câmara dos Deputados para participar de uma audiência pública sobre as metas do ministério para 2008, disse, ao ser indagado acerca do fato daquela embarcação estar navegando sem prévia autorização e fiscalização de seu ministério ou da Marinha, que 'a região é muito vasta, fica difícil fiscalizar todos os rios. É praticamente impossível colocar fiscalização em todos os rios da Amazônia para supervisionar todo o transporte que é feito, especialmente de passageiro. A fiscalização tem que ser feita especialmente pelos donos de barcos e pelas pessoas que ocupam os barcos'. Note-se que não se está falando de um dos milhares de rios do Amazonas, mas do Solimões. Lembram-se do Solimões? É aquele que também se chama Amazonas, ou que vai se chamar Amazonas, o principal do Amazonas, o maior rio do mundo. Se nem esse ministro pode fiscalizar, por que não pega o boné e vai para casa? Por outro lado, poderíamos perguntar ao sistema de trânsito de São Paulo, se não seria melhor aqui na cidade, com 6 milhões de veículos, onde é 'praticamente impossível fiscalizar', por que não deixar a fiscalização ser feita pelos donos dos carros e pelas pessoas que ocupam os carros? Já quanto aos ganhos, certamente todos ficariam muito gratos com o fim da Receita, de modo que a fiscalização ficasse a cargo dos donos dos ganhos e dos que se ocupam em gastar. E dizer que o homem já foi até prefeito de Manaus. Mas é que sua formação é em auditoria e matemática pela Fundação Getúlio Vargas e, como outros ministros, veio da política."