Isabella

9/5/2008
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"Afinal, o pai e a madrasta são ou não inocentes? Pessoalmente, creio que são culpados, assim como boa parte da população do país. Mas eles, assim como seus advogados, sustentam que são inocentes. As informações que nos chegam dão conta de que os julgamentos de réus presos correm mais rapidamente. Será sofismar pensar que inocentes deveriam preferir um julgamento rápido que, rapidamente, reconhecesse sua inocência e que, mais rapidamente ainda, permitisse que pudesse retomar suas vidas? Até porque, se depender da sociedade, essa já os julgou, e condenou. Quase a totalidade dos habitantes do país segue avidamente o caso e conhece os dois 'suspeitos', atribuindo-lhes a culpa pelo assassinato da pequena Isabella. Se concedido novo habeas corpus e permanecerem em liberdade até o julgamento que, então, segundo o promotor do caso, se arrastará por anos, 5 ou 6, ou mais ainda, onde morarão essas pessoas? Ficarão homiziados na casa dos pais da madrasta? Ou na casa do pai do pai da menina assassinada? Porque, evidentemente, não poderão sair à rua, seus filhos não poderão freqüentar a escola e nem levar uma vida normal. Não poderão sair do país. Para onde forem, serão perseguidos, se não pela mídia, pela população, implacavelmente, até que sejam levados a julgamento, e que comecem a cumprir a pena que lhes caiba, o que parece ser inevitável. Então, não seria melhor já ir cumprindo o que não vai ser possível deixar de cumprir? Em outras palavras, sendo culpados ou inocentes, o caminho do julgamento rápido parece ser o melhor caminho. Mesmo para quem, ao que parece, alterou a cena do crime, participou daquela malfadada entrevista, não demonstra nenhum sentimento, em nenhum momento, deixando a defesa, tal qual Quixote, que lutava contra moinhos de vento, a lutar contra todas as evidências, melhor seria um julgamento mais rápido."

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