Isabella 9/5/2008 Mônica Andrade "Caros colegas, não sou especialista na área criminalista, mas não posso deixar de me manifestar pelo "show" animalesco proporcionado pela mídia, patrocinado pela nossa polícia, juntamente com MP. Com a devida venia aos ilustres profissionais que atuaram no caso, acredito que estão se utilizando do "clamor social" para que acreditemos, sem qualquer sombra de dúvida, que o casal Nardoni é culpado, pois assim deseja a sociedade, e se esqueceram que o papel principal do inquérito é a busca da "verdade real". Até agora o que temos é somente "suposições". Posso estar profundamente enganada. Pode até ser que o casal seja realmente culpado, o que me restará apenas pedir humildes desculpas aos nobres profissionais, sem qualquer prejuízo moral ou material. Contudo, já pensaram na hipótese remota de estarem enganados ? O que diremos ao casal ? Desculpas ? Será que adiantará ? Isso se estiverem vivos até lá. De uma coisa tenho certeza, mesmo que sejam inocentes, jamais saberemos, pois já foram condenados. Mesmo que vão a júri, quem terá coragem de absolvê-los ? Será que os próprios jurados já não estarão contaminados pela repercussão dada pela mídia ? Terá coragem o magistrado, mesmo sem provas concretas e sem a confissão do casal, esquecendo-se do "in dubio pro reu", absolvê-los ? Ou serão condenados para "satisfação da sociedade" e pela "credibilidade no Judiciário" ? O que é mais fácil, sustentar uma tese, onde encaixaram os "suspeitos" dentro de um roteiro "imaginário" ou tentar descobrir a "verdade absoluta" o "mistério do Edifício London" ? Peço apenas que reflitam profundamente. Se realmente o crime aconteceu como na versão constante do inquérito, onde estavam os outros dois filhos do casal enquanto esses supostos "monstros" matavam a pobre Isabella, já que pela versão apresentada teriam todos subido juntos pelo elevador ? No quarto deles não estavam, pois o pai, supostamente não teria passado por cima dos filhos dormindo para jogar a menina. O mais novo, ainda de colo, não estaria no colo da mãe, pois ela estava supostamente esganando a menina. Na sala também imagino que não estavam, pois ali, segundo o laudo, a menina foi jogada bruscamente. E a sapatilha da Anna Carolina, como pode ter o sangue pingado sobre ela se, como cansamos de ver no vídeo da família no mercado, a Anna estava realmente de tamancos de salto alto, como alegado no seu depoimento ? Ah, ia me esquecendo, um deles, além de terem feito tudo isso em treze minutos, além de cuidarem dos outros dois filhos, ainda tiveram tempo de limpar o chão (talvez o filho menor tenha feito essa parte, pois em algum lugar ele deveria estar), colocado a tesoura na cozinha, sem esquecer que tudo isso enquanto "discutiam acirradamente". Não consigo imaginar que em treze minutos tenham discutido, cuidado dos outros dois filhos, alterado a cena do crime e ligado para os pais. Alguma coisa está errada. Por falar no pai, sr. Antonio Nardoni, indicado como provável pessoa que "possa ter alterado a cena do crime", pessoalmente não o conheço ainda, mas não quero subestimar sua capacidade, mesmo porque é advogado, penso eu que se ele tivesse entrado no apartamento para alterar a cena do crime, não teria sido tão relapso de limpar o chão e ter deixado a frauda no balde, muito menos a tesoura no local. Se realmente ele esteve lá com tal propósito, deveria saber exatamente o que havia acontecido e teria se livrado das provas mais contundentes. Alguma coisa não encaixa. Por outro lado, se realmente aconteceu como na versão dos Nardoni, poderia haver alguém (talvez duas pessoas, e uma delas mulher, com mãos "compatíveis" com a do laudo. Quanto a altura em que as gotas de sangue caíram, acredito que o pai tenha uma estatura mediana, provável da maioria dos homens brasileiros), de posse da chave, dentro do apartamento, que se escondeu quando ouviu o barulho das chaves, já quando o pai deixou a menina e, tão logo saiu, essa pessoa ao tentar se evadir do local tenha acordado a menina, que veio até o corredor, em direção à porta, achando que era o pai e, ao se deparar com o elemento tentou gritar (pode ser até que a menina conhecesse o indivíduo e por isso precisou eliminá-la), que foi logo abafado, como conta do laudo. Pode ter sido ferida na testa com um objeto pontiagudo (talvez a própria chave da porta que estava na mão do agressor - aliás, tal objeto que provocou o corte na testa não foi identificado) ali no corredor foi esganada e após desfalecer, carregada e jogada ao chão da sala com brutalidade. Precisava tirá-la dali antes que o pai retornasse, levou a menina para o quarto dos meninos, colocou-a na cama (onde ficou a mancha de sangue), colocou uma frauda sobre a testa da menina ali, já sobre a cama, e por ser o quarto do bebê, deveria ter uma frauda por perto, quiçá sobre a cama (já que quando caiu no jardim, segundo testemunhas, a testa estava limpa, o que não poderia ser se tivesse sido limpa antes de estar no quarto, pois não justificaria o sangue na cama) cortou a tela e jogou a menina. Pegou a frauda, aproveitou para passar rapidamente no chão para que não percebessem o ocorrido tão logo entrassem no apartamento (tudo isso em aproximadamente 11 minutos, o que creio ser até mais provável, uma vez que pelo laudo tudo se passou em 13 minutos, com todas as observações acima colocadas). Nesse ínterim, o casal tirava as coisas do carro (creio que além das crianças deveria haver os pertences que se carrega quando se tem filhos pequenos, além da compra do mercado, uma vez que por lá passaram para comprar algo), o que deve ter levado cerca de uns 5 a 8 minutos, que somados aos minutos que o pai levou para subir e descer ao deixar a Isabella, conferem com os treze minutos entre o estacionamento do veículo e o desfecho do assassinato. Voltando ao apartamento, ao ouvir o barulho novamente do elevador, o(s) criminoso(s) correu(ram) e se escondeu(ram) (talvez na lavanderia, onde teria deixado a frauda no balde e a tesoura na pia). O casal entrou no local. O pai verificou que havia algo errado, viu a luz acesa no quarto dos filhos, a janela aberta com a tela cortada, correu desesperadamente saltando sobre as camas (o que justificaria as marcas raspadas de chinelo sobre as camas) e colocou a cabeça para fora da tela até ver o corpo da filha no chão do prédio (o que justificaria as marcas deixadas pela tela na camiseta, pois com a pressão do seu próprio corpo, creio ser suficiente para deixar tais marcas, por outro lado, da forma que alegam os peritos no laudo, imagino que teria deixado também marcas na altura do abdômen e não somente nas mangas, o que não me lembro de terem mostrado nos laudos. Ah, com todo esforço produzido, na forma que consta no laudo, imagino que o pai teria ficado com marcas de "esfregão" nos braços, o que não me lembro de ter sido citado ?!. Imagino ainda que, com tanto sangue encontrado pela casa, parece-me impossível que se fosse o pai que tivesse carregado o tempo todo a Isabella (do carro ao apartamento e depois a jogado pela janela), como atestam os laudos, não fosse encontrado uma gotinha sequer de sangue em suas roupas. Por fim, a família desceu para o térreo (sejam juntos ou um de cada vez) e, enquanto isso, o(s) criminoso(s) saiu(íram) calmamente pela mesma porta e se misturou (ram) ao "bando de curiosos" que asseguram, sem qualquer sombra de dúvidas, ser o casal o culpado pelo crime. Quanto ao sangue encontrado no carro, salvo engano, pelo laudo não assegura ser da Isabella, logo, com todo respeito ao DD Promotor, não pode afirmar com tanta certeza que o seja. Talvez seja pitoresca a minha versão, fantasiosa, mas não descartada, uma vez que se tem tantas falhas na condução do processo, ao começar pela não preservação do local do crime imediatamente após o fato noticiado até os testemunhos dados no calor da indignação pelo crime e pela reconstituição do crime em horário diverso ao fato. Peço desculpas novamente ao ilustre Promotor, mas tudo aquilo que ele chama de "irrelevante" poderá levar à condenação de pessoas inocentes. Sei que ele faz o papel de acusador, mas prefiro acreditar que todos são inocentes até que se prove ao contrário. Certamente não posso afirmar que são inocentes e, como todos, estou perplexa com tudo, mas é nessas horas que devemos ter sabedoria para enxergarmos as coisas como são e não como imaginamos que sejam. Não podemos agir como bárbaros, não podemos ser irracionais. Estamos em pleno século XXI. Não podemos queimar as bruxas ou decapitar pessoas em plena praça pública, como se fazia no passado, somente por não entendermos o que está acontecendo. Quantos inocentes naquela época não morreram, entre ele até sábios (como Lavoisier), portanto, peço a todos que reflitam em nome do bom Direito da JUSTÇA, e que o nosso Judiciário não aja como Pontius Pilatus". Envie sua Migalha