Artigo - Dano moral contra pai

"Sou psicóloga clínica e jurídica (assistente técnica e mediadora familiar) em São Paulo/SP, e atuo em processos de V.Família nas quais os vínculos afetivos entre pai-filhos está freqüentemente ameaçado, por questões de pensão alimentícia, acusações (nem sempre pertinentes) de abuso físico ou sexual, desobediência intencional a sentenças de regulamentação de visitas. É notória a importância do pai na estruturação psíquica dos vínculos saudáveis de uma criança, como forma de identificação dos papéis feminino/masculino e de aprendizado social. O Pai representa simbolicamente a lei, a autoridade, o social, o respeito, valores morais, atualmente decadentes em nossa sociedade, e essa decadência contribui para a maior incidência de jovens delinqüentes e a escalada da violência. O 'nome do pai' simboliza o pertencimento a um grupo familiar, a um grupo de pessoas onde o indivíduo se sente acolhido afetivamente. Enquanto o prenome nos individualiza, o sobrenome nos une. Embora tenhamos uma imensa variedade de estruturas familiares, reflexo das transformações sociais e do questionamento dos papéis de pai/mãe, é imprescindível que lutemos pela estruturação dos vínculos afetivos, em nome do saudável desenvolvimento psicológico de nossas crianças. Cumprimento o eminente autor desta Migalha, ao considerar que a ausência paterna no caso exposto (e quantos indivíduos não estejam nessas condições...) representou uma lacuna psíquica, porque nem se pode considerar o pai como morto, porque não há notícias disto e ele poderia aparecer a qualquer momento, e nem se pode considerá-lo vivo, porque não aparece (Migalhas 1.895 - 12/5/08 - "Dano moral contra pai", Sérgio Roxo da Fonseca  - clique aqui)... Acorro então aos versos da música 'Naquela Mesa', em que Sérgio Bittencourt homenageia seu pai, Jacob do Bandolim: '(...) naquela mesa 'tá' faltando ele, e a saudade dele está doendo em mim...' Agradeço a oportunidade de deixar minhas reflexões, nesta modesta 'migalha'."