Gramatigalhas

15/5/2008
Ana Luísa de Freitas Barbosa - Recife/PE

"Iniciei meu trabalho como professora de Língua Portuguesa. Tenho apenas 22 anos de idade, um curso concluído e muito a aprender. Lendo trabalhos escolares da escola onde hoje leciono, deparei com um texto redigido por aluno e corrigido por um professor. Texto do Aluno: 'Que motivos tenho eu para ESTAR falando sobre isso?'. Correção do Professor: 'Que motivos tenho eu para ESTÁ falando sobre isso?'. Sempre escrevi como o aluno escreveu. No meu raciocínio, se a locução equivale a falar, que está no infinitivo, o verbo auxiliar deve seguir a lógica desse verbo, atendendo ao seu tempo e ao seu modo. Assim aprendi. No caso, o infinitivo estaria flexionado na 1ª pessoa do singular e, por isso, não apresenta desinência número-pessoal, o que dá a ele a aparência de um infinitivo não flexionado. Questionado o professor, fui procurada por ele, que me afirmou o seguinte: 'Trata-se de uma locução verbal, que equivale a 'falar'. Você deve estranhar o fato de a primeira pessoa do singular estar aqui, mas, como eu não poderia dizer 'quem sou eu para estou aqui', flexiono o verbo na terceira pessoa do singular, uma vez que o verbo auxiliar tem de estar flexionado.' Afinal, estou equivocada ao afirmar que o verbo estar, na frase 'quem sou eu para ESTAR falando sobre isso' está, sim, flexionado? Ao que me consta, ele está na 1ª pessoa do singular no modo infinitivo (no caso, pessoal e flexionado). Por favor, gostaria de dirimir essa questão. Tenho a certeza de que sua palavra, seu posicionamento, ser-me-á de grande valia. Atenciosamente,"

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