Células-tronco

30/5/2008
Nelson Castelo Branco Eulálio Filho - mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará – UFC

"Embora não concorde com a maioria dos argumentos dos ilustres colegas migalheiros Dávio Antonio Prado Zarzana Júnior e Daniel Silva, agradeço a atenção que dispensaram às minhas considerações e respeito os seus pontos de vista. A propósito, devo esclarecer que não sou 'filósofo'; sou licenciado (professor) e Mestre em Filosofia -meros títulos acadêmicos. Mas as questões que levantei são, sim, questões filosóficas (e não religiosas) e devem ser tratadas como tais. Para não tomar muito o tempo dos senhores devo dizer que o que questionei, implicitamente, foi o tão propalado 'direito à vida' que, no meu entender (filosófico, e não jurídico), abrange, para além do já vivente, do ser, do que já é, também o vir-a-ser - o direito de existir; e é este último que, acho, é negado pela negação (deliberada) da procriação. 'Há tantas auroras que não brilharam ainda', diz o RigVeda e que Nietzsche utilizou como epígrafe do seu 'Aurora'. Que autoridade pensa ter o homem (religioso ou não) para negar, deliberadamente, o vir-a-ser ontológico, esse mar desconhecido? Para negar a reprodução da vida? Qual a diferença (sob a perspectiva da eternidade) entre descartar um embrião (o ser) e impedir a existência de um embrião (o vir-a-ser)? Do ponto de vista do Absoluto é, penso, a mesma coisa; até pelo fato de que no Absoluto não há a questão do tempo, e ambos - o ser e o vir-a-ser existem, desde sempre, no Grande Ser. Questões morais são sociais; construções sociais; já a vida, e seu imperativo de continuidade, está na esfera ontológica na qual não nos cabe optar, mas simplesmente obedecer, entregar-se."

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