Isabella

2/6/2008
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"E onde estará, afinal, a verdade, senão no fim do julgamento dos acusados? Rodion Românovitch Raskólnikov, personagem principal do livro 'Crime e Castigo', de Dostoiévski, de cujo nome se originou o da 'Síndrome de Raskolnikov', só acreditava em seus próprios princípios, sem escutar os alheios, inclusive, é claro, a opinião da fétida imprensa, no entender de Álvaro de Campos (ao menos quanto a imprensa portuguesa, mas por certo aplicável na sua generalidade)

'Ora porra

Então a imprensa portuguesa é

que é a imprensa portuguesa?

Então é essa merda que temos

que beber os olhos?

Filhos da puta. Não, que nem

Há puta que os parisse'.

Há uma verdade real, e outra? A imprensa, como Raskolnikov, não deve satisfações a ninguém? Ou necessita ser monitorada, censurada e coibida, para evitar que passe à manada notícias que a façam pensar como manada. Isso, por exemplo, nas eleições, é um perigo, pois a manada elege também. E, na imprensa, como em tudo, aliás, veleidades não faltam. Com síndromes ou não. Vamos ter que decidir se a imprensa livre é uma coisa boa ou se só é boa quando não é fétida, a nosso critério. Aliás, Raskólnokov, ou Ródia, ou Rodka, como o chamavam na intimidade, acreditava que as pessoas estavam divididas entre 'ordinárias' e 'extraordinárias', as primeiras que deveriam viver nas obediências das leis e não tinham o direito de as transgredir, enquanto que as segundas tinham o direito, embora não declarado, de cometer crimes e violar as leis, desde que suas intenções, se fossem úteis à humanidade como um todo, o exigissem. Talvez o conceito de manada também tenha vindo daí, da população que não tem o 'direito' de delinqüir e que, agora, começa a exigir que a justiça seja cumprida de maneira igual, para todos. Porque tem acesso à imprensa fétida e podre, mas livre, como não era antes."

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