Células-tronco

3/6/2008
Daniel Silva

"Longe de me meter na conversa alheia, mas acho que alguns nós devem ser desatados para os demais leitores. O conhecimento empírico é desprovido de comprovação empírico-científica. O conhecer é ato que não tem testemunhas, exceto a do próprio agente. Logo o conhecimento empírico seria uma afirmação pautada unicamente pela fé. E explicações 'científicas' só são 'superiores' a explicações da fé com relação ao nível em que atuam. A afirmação de que Deus faz chover não é contrariada pela afirmação de que a chuva é a condensação de vapor de água na atmosfera. Esta explicação tem mais validade no sentido imediato e mecanicista, ou seja, o meio pelo qual Deus faz chover. Assim, não sei de onde tiram a superioridade de uma coisa sobre a outra. E as crenças religiosas são tão arbitrárias como muitas das crenças científicas. Não é preciso dizer que não foram padres da Igreja que disseram que a Terra é o centro do Universo. Esta idéia já existia muito antes do nascimento de Cristo. E se o amor é passível de comprovação indireta, a fé é passível de uma comprovação muito mais direta do que o amor, pois como relatado, os religiosos têm muito mais apreço pela vida do que os ateus (que representam um maior número de suicidas), isso sem citar outros casos. Há a questão de religiões estarem certas ou erradas. Se acham que não existe religião errada, por que acham um absurdo o uso da burka e casos de escravidão? Ou melhor, escolham: Viver hoje num país católico ou num país muçulmano? Alegar que vida humana começa ou termina com atividade cardíaco-cerebral é realmente uma questão de fé. Só uma fé muito grande pode reduzir um ser humano a uma mera atividade muscular e um pequeno choque no crânio. O que dizer então dos inúmeros casos de parada cardíaca e de morte cerebral, nos quais as pessoas retornam à vida. Sem mencionar o fato de que coração e pulmão podem ser mantidos (substituídos) por aparelhos, ou seja, já não funcionam. Assim, uma pessoa com morte cerebral, não teria o coração e o pulmão funcionando (estaria 'morta' pelo padrão cardíaco-cerebral), mas permanece viva por meio de aparelhos que mantém a circulação. A Igreja Católica não se utiliza de ciência somente quando lhe convém. Tanto não é assim que a Teoria do Big Bang foi criada por um padre e é utilizada hoje por grande parte dos ateístas que resolveram aplicar a Teoria de Darwin a todo o Universo. E Galileu foi perseguido porque ensinava o heliocentrismo (que também está errado, caso ainda não tenham percebido) sem que ele tivesse sido objeto de um estudo e provas 'empírico-científicas' de sua existência. Até aquele momento, todas as provas e teorias comprovavam que a Terra era o centro do Universo. Ou seja, pelos critérios 'científicos' de hoje, o fanático era Galileu que resolveu ser contra todas as teorias e provas que existiam na época, apostando tudo na sua fé de que o Sol era o centro do Universo. E na Idade Média, a Igreja era bárbara como todas as outras organizações da época. É preciso acabar com essa idéia de que os reis, aristocratas e plebeus da Idade Média eram democratas, seguidores do devido processo legal, da pena proporcional ao crime, do julgamento justo e da dignidade da pessoa enquanto a Igreja era o demônio comedor de criancinhas. Na verdade, a Igreja é quem instituiu todos os conceitos citados acima. As pessoas hoje em dia ludibriadas por uma meia dúzia acham que a Inquisição era uma coisa tipo filme boboca: Era só alguém gritar 'E, ali um herético!' e a Igreja em 5 segundos aparecia, botava o cara no 'microondas' e ia para casa. A Inquisição foi uma das primeiras instituições a adotar um processo, permitir que o acusado se defendesse, etc. Todo o caso dos embriões é saber exatamente se eles são terceiros ou não! Logo, se ele for terceiro, uma pessoa pode ser coagida a não prejudicá-lo, ainda que isso represente a cura de 6 bilhões de pessoas. É curioso ver a justificativa da destruição da dignidade alheia (matar pessoa em estado vegetativo), simplesmente porque não tem estômago ou altura moral e emocional para ver uma pessoa nesse estado. E ao final disso, ver que é a Igreja quem tem dogmas. E se a democracia se baseia em princípios fundamentais e não na maioria, fica a pergunta: De onde vêm esses princípios fundamentais?"

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