Futebol

17/6/2008
Zé Preá

"Quero corrigir a métrica nos meus versos acima: Cabañas, viva Cabañas! Era assim que pensei, mas não escrevi. Em homenagem à inteligência migalheira, lembro que hoje faz exatamente 70 anos (17.6.1938), que Gilberto Freyre escreveu no velho Diário de Pernambuco um artigo intitulado 'Foot-ball mulato'. Era sobre a performance da seleção brasileira na Copa do Mundo da França, em 1938, quando foi conquistado um honroso 3º lugar: 'Um repórter me perguntou anteontem o que eu achava das admiráveis performances brasileiras nos campos de Strasburgo e Bordeaux'. ...'uma das condições dos nossos triunfos, este ano, me parecia foi a coragem, que afinal tivéramos completa, de mandar à Europa um team fortemente afro-brasileiro. Brancos, alguns, é certo; mas grande número de pretalhões bem brasileiros e mulatos ainda mais brasileiros. O nosso estilo de jogar foot-ball me parece contrastar com o dos europeus por um conjunto de qualidades de surpresa, de manha, de astúcia, de ligeireza, e ao mesmo tempo de espontaneidade individual. Os nossos passes, os nossos pitus, os nossos despistamentos, o alguma coisa de dança e de capoeiragem marcam o estilo brasileiro de jogar o foot-ball, que arredonda e adoça o jogo inventado pelos ingleses e por eles e por muitos outros europeus jogado tão angulosamente'. Resumo: vinte anos antes do Brasil ganhar a 1ª Copa do Mundo, Freyre já definia o que era o futebol-arte. Hoje o que vemos é medíocres marcadores lutando apenas para os times não tomar gols. Cadê os dribladores tipo Garrincha que abria os sistemas fechados chamados de 'ferrolhos'? Cadê os lançamentos de Gérson de 40m, que Pelé amortecia suavemente a bola no peito e chutava inapelavelmente para o gol? Cadê o malabarismo de um Tostão que jogava até sem bola abrindo espaços? Cadê a força de um Jairzinho, furacão da Copa de 1970? Chorem e muito porque tudo isso se acabou!"

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