Artigo - A lógica da inocência

24/6/2008
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"A lógica da inocência, não é, a meu ver, a lógica da inocência, mas a lógica da defesa, a tese a ser esposada pela defesa do casal Nardoni que, contra todas as evidências, só tem, mesmo, uma tese que parece lógica, mas não é. A idéia é a de que os dois poderiam confessar crimes menores e dessa sair com penas menores, não valendo a pena correr o risco de se submeterem ao júri e 'pegar' a pena máxima. Mas, mesmo menores, seriam penas de anos, e anos na prisão ninguém quer. Então, a tese da 'Lógica da inocência', que pode, como diz o nome, inocentá-los. A lógica da inocência não passa de um sofisma, o sofisma da inocência, que parte de premissas verdadeiras e chega a uma conclusão inadmissível, apesar de se apresentar como resultante das regras formais do raciocínio. Como no da tal 'terceira pessoa', que ninguém viu nem ouviu, parece apenas mais um argumento que pode servir à defesa para enganar alguns, esperemos que não os membros do júri. Contudo, é um belo argumento de defesa. Pena que os laudos técnicos demonstrem, com clareza, que uma criança foi cruelmente assassinada naquele local exatamente por aqueles em que devia confiar e que deviam cuidar dela e de sua vida, coisa que está ficando meio esquecida entre tantos sofismas. Melhor seria o silogismo da culpabilidade: postas duas proposições, às quais vamos dar o nome de premissas (provas), se tira uma terceira, à qual chamaremos conclusão, que deverá vir com o resultado do julgamento dos acusados."

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