Operação Satiagraha 16/7/2008 Antonio Bastos A. Sarmento - advogado, Tauil, Chequer & Mello Advogados, associada à Thompson & Knight L.L.P. Werneck "Como não disponho de endereço eletrônico do senhor desembargador Alcides Salles, peço a Migalhas para transmitir a sua excelência meus cumprimentos pela sua primorosa avaliação da situação abissal em que se encontra o Brasil, pois os poderes constituídos são absolutamente insensíveis aos clamorosos sintomas da anarquia que sufoca as instituições. Nas cidades maiores, cujos acontecimentos são mais visíveis nos diferentes meios de comunicação, a população da sinais de anestesia, seja por força das dificuldades de sobrevivência da maioria desvalida, que não lhe permite dedicar tempo e atenção a problemas além do dia a dia angustiado em que mourejam, seja porque a classe média, que dispõe de melhores meios de percepção dos fatos, se vê diante de uma opressiva tensão gerada pela total falta de perspectivas, e pela tirania fiscal generalizada, por vezes mal apercebida, em meio à tentativa de agarrar-se a seus usos e costumes, ameaçada pelo declínio econômico e social, que já não é mais possível ignorar, e que lhe esgota as forças físicas e morais, ao passo em que vai abdicando de um a um dos seus mais sonhados anseios: progresso econômico, ascensão social, elevação dos padrões de saúde, educação e segurança, acesso a melhores oportunidades de consumo e lazer. Tudo o que fica parecendo somente ser acessível através de atos de corrupção, pois são as pessoas que assim agem as que conseguem empreender a escalada para padrões de vida superiores e despudorada partilha do poder. Nesse cenário, a democracia vai ficando ao longe, como a contemplação de uma estrela inatingível e fugaz, podendo ser trocada com vantagem por um prato de lentilhas. A violência, de que tanto se fala, é apenas o instrumento de destituição da ordem civilizada, que empurra as massas em desespero para o güante feroz dos justiceiros, enquanto os homens no poder representam a farsa tragicômica de governar. Os 'mentores do mal' que nos assediam não têm falhado no afã de empurrar o país para o caos, olhando com insofreável impaciência para os efeitos de cada ato de dissolução que deixam praticar, ou que instigam, irritados com a falta de competência de seus asseclas para realizar um 'putsch' mais efetivo, pois preferem, como sempre têm feito, aparecer na hora azada como os salvadores esperados. A história antiga ensina que, em Roma, a decadência da moralidade nas lutas sociais e na disputa das benesses do estado terminou com a queda do império sob o tacão dos bárbaros. No Brasil, ao que tudo indica, os bárbaros já estão no controle, e até mesmo antes que existisse um império." Envie sua Migalha