O preço do fígado

31/7/2008
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"No açougue está barato, já que não e todo mundo que gosta, ainda que um bom bife de fígado seja recomendado até para as crianças. Seja o de boi, que é um ótimo vitamínico, porque contém ácido fólico, seja o de galinha, que contém vitamina B12 e ferro, fígado é um prato sempre recomendado, a não ser para quem tem ácido úrico alto, ou problemas com gorduras. Mas, fígado humano pode causar problemas, e sérios, quando vendido por aí, principalmente quando serve para fraudar a fila de transplante, no Rio de Janeiro. Ontem, vários médicos do Rio de Janeiro, encabeçados pelo Dr. Joaquim Ribeiro Filho, ex-coordenador do Rio Transplante e ex-chefe do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, foram presos, acusados de, em troca de dinheiro, dar diagnósticos falsos para beneficiar pacientes particulares, que receberam transplantes de fígado, em detrimento da lista única Estadual. Dizem que três casos aconteceram entre 2003 e 2007 e que, pelos fígados desviados, foram pagos valores entre R$ 200 mil e R$ 250 mil. Os beneficiados teriam sido Carlos Augusto Arraes de Alencar, filho do ex-governador Miguel Arraes, Jaime Ariston, irmão do ex-secretário estadual de transportes Augusto Ariston e um terceiro, cujo nome não veio à tona, porque acabou não recebendo o órgão. Evidentemente, não há como defender a atitude de quem, por dinheiro, se arroga o direito de decidir quem deve morrer e quem deve viver. Mas, não menos importante é saber que, no caso do filho do ex-governador Miguel Arraes, houve uma decisão judicial, uma liminar deferida pelo Des. Francisco Julião de Oliveira Sobrinho, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, que permitiu a 'preferência'. Já no caso de Jaime Ariston, seu irmão negou que tenha havido 'furo' na fila. E que, de qualquer forma, o receptor do fígado veio a falecer um mês depois da cirurgia. Então há que assistir o desenrolar do caso, para ver aonde chega. De momento, não parece, pelas cenas mostradas pela televisão, que o médico preso tenha enriquecido à custa da venda de órgãos, seja por sua aparência pessoal, seja pela de sua residência."

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