Getúlio

27/8/2004
Armando R. Silva do Prado

"Caros, peço licença para entrar neste debate didático sobre o getulismo. Sim, getulismo, porque não se pode confundir a figura política do ditador com a política getulista que influenciou e influencia os destinos do país até hoje. Mal comparando, é como os que vivem apregoando a morte de Marx. Marx morreu, mas o marxismo está vivo, independente de concordarmos com ele ou não. No caso do getulismo, independe de gostarmos ou não. É uma realidade. Os anos 50 foram tumultuados por golpes, sempre contra o que se chamou de getulismo que, por vezes, virou sinônimo de nacionalismo. A redentora de 1964, atrasada por 10 anos, foi contra o getulismo grosseiramente confundido com os comunistas, agora nas figuras de Jango e Brizola. As manobras do regime militar, apoiadas por juristas ditos eminentes e saudosos (isso sim é relativismo moral), foram para afastar o "comunismo" e, principalmente, o fantasma do getulismo na figura de Goulart e Brizola. Sugiro que se leia a excelente obra em quatro volumes, até agora, do Gaspari. Mas, voltando a Vargas: é claro que foi um ditador, mas fruto das circunstâncias do seu tempo, que teve o mérito de criar as bases da modernização do país, enterrando os aristocratas da política do "café com leite". Não se trata de "valoração moral" reconhecermos os benefícios para o país e seu povo, trata-se de respeitar os fatos. Parafraseando Marx, o getulismo é o fantasma que ronda a cabeça, primeiro dos golpistas, depois dos neoliberais e agora dos emergentes recém saídos da esquerda da aristocracia operária. Quanto a "revolução de 1932", é assunto que não dá para discutir em termos emocionais, pois os interesses envolvidos nesta luta estavam léguas de distância do povo, buscando sim a restauração do poder perdido com a queda da carcomida república velha. Cordialmente,"

Envie sua Migalha