Assim é, se lhe parece

14/8/2008
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"Ainda nessa semana, o presidente Lula decidiu, e a imprensa toda noticiou, que o executivo não mais discutiria a interpretação, ou a revisão da Lei de Anistia. Para o governo, o debate, se houver, deve ser conduzido pelo Judiciário. E, segundo o noticiário, o presidente teria enquadrado, na segunda-feira passada, os ministros da justiça, Tarso Genro, e Paulo Vannuchi, da Secretaria de Direitos Humanos. A informação, aliás, foi dada pelo próprio Tarso Genro, no Palácio do Planalto, após reunião da coordenação política do governo. Segundo fontes próximas do governo, Lula teria advertido Tarso Genro e dito a interlocutores para colocar um ponto final na crise e manifestado sua contrariedade com o surgimento desse debate, considerado pelos militares como extemporâneo, imoral e fora de propósito e, por outros, como uma tentativa de Tarso de atingir a candidata de Lula à sucessão, Dilma Rouseff. Negando ter sofrido um 'puxão de orelhas' do presidente, e afirmando que jamais pretendeu a revisão da Lei de Anistia, Tarso Genro declarou à imprensa que 'Para mim, esse assunto está encerrado'. No entanto, mal se passaram alguns dias e o site do PT publica um novo evento patrocinado pelo governo, pela mesma Secretaria de Direitos Humanos, pelo mesmo Ministro Paulo Vannuchi, que agora convidou o Juiz espanhol Baltazar Garzón para participar, no dia 18 de Agosto, no Hotel Renaissance, em São Paulo, de mais um Seminário, como o anterior, que deu início a toda essa pendenga. Das duas, uma: Ou o Ministro Paulo Vannuchi não atende ao que ordena o presidente, ou o presidente fala e ninguém obedece, ou o presidente fala só por falar e, por trás, dá ordens diferentes. Ou será, como todos acreditam, que o presidente nada assume e continua não confiável, mandando seus prepostos agirem, fingindo nada ter a ver com isso, sempre nada sabendo acerca de coisa alguma? Não se sabe quanto cobrou do governo o juiz Baltazar por sua participação que, no convite que está sendo mandado pela Secretaria de Direitos Humanos é apresentado como o magistrado 'que se notabilizou no mundo inteiro quando ordenou e conseguiu efetivar a detenção do ditador chileno Augusto Pinochet, em 1998, em Londres, um feito histórico, comemorado por todos aqueles que defendem os Direitos Humanos e condenaram as terríveis atrocidades cometidas no Chile'. O evento é patrocinado pela Caixa, pela Unesp, numa realização da Presidência da República e, segundo a socióloga Vânia Leal Cintra, espera-se que Garzón 'poderá ocupar agora seu tempo de juiz cuidando dos "males brasileiros"'. É isso aí. Pode até ser que ocupe uma próxima vaga no Supremo..."

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