Nepotismo 25/8/2008 Alexandre de Macedo Marques "Manda a boa prática em análise Histórica que os fatos e acontecimentos históricos sejam analisados á luz das circunstâncias e realidades sociais, políticas, jurídicas, religiosas, usos e costumes vigentes na sociedade e no momento em que tiveram lugar. No Pindorama não vale o princípio 'não pegou'. De um lado à esquerda, desonestamente, (que passe o pleonasmo) pratica a 'instrumentalização da história', manipulando-a despudoradamente. Do outro lado, o eterno viés adolescente e macunaímico verde amarelo, sempre negando qualquer responsabilidade na pantanosa, injusta e repugnante sociedade que construímos e em que vivemos. Tudo é culpa do passado, como se o país não fosse independente há dois séculos e republicano há mais de um. Não tivesse, país independente, convivido com a Revolução Industrial, com o progresso da ciência e da tecnologia. Não tivesse convivido com o desmoronar de duas utopias diabólicas, o nazi-socialismo e o comunismo. Como se não tivesse testemunhado a destruição e o ressurgimento da Europa e do Japão... Pois bem! Na discussão sobre nepotismo vejo, espantado, aturdido, uma ministra do STF, a ministra Carmen Lúcia, e o Estadão em editorial, acusarem o Pero Vaz de Caminha como o autor do 'pecado original' do nepotismo pátrio. Nesse caso temos as duas vertentes. O desprezo ao princípio de análise do fato histórico, manipulando-o fora do seu contexto, e a busca de negação de responsabilidade pelo triste estado ético das coisas 'como nunca na história deste país'. Ignorância? Situemos, historicamente, a Carta na qual Caminha pede uma mercê ao Rei em favor de um parente. 1500, o século XV acabava de findar, o século XVI mal se iniciara. O sistema político era a monarquia absoluta sendo o Rei detentor de todo o poder, que ostentava por direito divino. Todas as mercês, terras, cargos, direitos, honrarias e desonras, justiça e injustiça - merecidas e imerecidas- estavam centrados em sua pessoa e dela emanavam. Sua real vontade os distribuía e retirava. Lembremos a famosa declaração de Luis XIV, definição do poder na monarquia absoluta, já em meados do século XVII, 'L'État 'c'est moi'. Parelhar o pedido do Pero Vaz de Caminha ao deboche e esbórnia que se faz no Brasil republicano e no banquete peto-sindicalista presidido pelo Lula é um absurdo. Lamentável quando cometido por uma ministra do STF e por um jornal que sempre foi visto como referência. Falta de cultura histórica ou alienação como 'nunca na história deste país...' Enfim estamos na época dos 'princípios republicanos' tão pomposamente alardeados por barões da estirpe de um Tarso Genro, Mercadante, Genoíno, Sarney e tutti quanti. Ah! Não esqueçamos o Thomaz Bastos, que exumou a retumbante frase a pretexto de defender o governo Lula de algum malfeito. Que tal um pouco mais de seriedade?" Envie sua Migalha