Lei - venda de bebida alcoólica

"É, os acidentes no trânsito são um problema gravíssimo. Nos países mais atrasados - eu disse atrasados de propósito; afinal conosco ninguém podosco - Estados Unidos, União Européia, Austrália, Japão, implantam-se medidas educacionais e, principalmente, medidas legais que punem severamente o cidadão que por conduta irresponsável na direção de veículos cause acidentes. E a embriaguês é condição extremamente agravante. Em países de alto nível de educação, tipo Brasil e Uganda, a percepção do problema é muito mais acurada e científica. No Brasil cria-se uma ficção médico-jurídica considerando-se infração administrativa grave e/ou crime, ínfimos teores de alcoolemia. Mesmo que do fato não decorra conduta do motorista que possa ser tipificada como perigosa a bens ou pessoas. Nem potencial de dano, lesão ou inadequado manuseio do veículo que ponha em risco qualquer bem tutelado. É uma totalitária ficção médico-jurídica que qualquer valor acima do zero induz a conduta tipificada como crime. Simplesmente um conjunto de pessoas reunidas num ambiente de compra e venda com reiteradas condutas pouco confiáveis, assim o decidiu. E um notório amante de uns tragos, com indícios de incapacidade psicomotora e intelectual para dirigir automóveis, sancionou. Daí arma-se um angu de estatísticas, mal analisadas e digeridas, uma zurrada de apoio por parte abstêmios e espécies plumadas politicamente corretas. E imagina-se que, uma vez mais, com um simples truque, o gênio nacional resolveu um problema. É claro que não pois a principal gênese do estúpido comportamento ao volante, indutor de tantas desgraças, não tem nada a ver com 'tolerância zero' frente a uns tragos sociais. O problema está na impunidade com que é tratado o uso e abuso do veículo como arma e instrumento de auto-afirmarão e conduta refratária ao bem coletivo e à lei por parte de indivíduos socialmente desequilibrados.Independentemente de classe sócio-econômica, sexo ou idade. Em vez de municiarmos a sociedade com um instrumental legal capaz punir severamente tais delinqüentes, deixando claro que ao assumir a direção de um veículo - tenha ou não bebido - o condutor está assumindo uma atitude de risco e que será punido severamente por qualquer acidente a que der origem. Em Uganda, um ridículo 'Ministério da Ética e Integridade' (tá faltando este no governo Lula) baixou uma medida tão ridícula como a farisaica 'Tolerância Zero' no país do Luís Inácio. Para diminuir os acidentes de trânsito o ministério da 'Ética e Integridade' proibiu o uso de minissaia na rua. O ilustre ministro, explicou que o uso de 'minissaia causa acidentes de trânsito pois algumas pessoas são psicologicamente fracas.' O racional da medida é tão estúpido quanto a vigente no formoso país entre o Oiapoque e o Chuí."