Poltergalhas

1/12/2008
Luiz Tomaz do Nascimento Filho

"Sr. redator, ainda relativamente à fábula 'Ali Babá e os 40 ladrões', quero assegurar ao nobre migalheiro, dr. Nidemos Rocha que recebo suas bem-vindas observações e comentários, com o mais aberto espírito democrático, como há de, minimamente, se comportar quem quer que se árvore a externar opinião ou informação em veículo acessível a tantas inteligências como se percebe no ambiente por via do qual trocamos idéias, o nosso querido Migalhas. Contudo, dileto interlocutor, desejo fazer algumas pequenas considerações finais, de minha parte, sem pretender ser o dono da verdade. Primeiramente, devo lembrar o amigo de que, na verdade, trata-se de fábula, e não lenda, a história de Ali Babá. Como na própria definição do termo, consoante o Dicionário Aulete, fábula é 'História curta de onde se tira uma lição moral'. Que lição seria essa? Na história que se analisa, sob a ótica do destino que tiveram os 40 ladrões, que foram mortos ou presos, poderíamos dizer, por exemplo, que 'o crime não compensa', ou pelo lado contrário, do ponto de vista que defendo, louvado na história que li, qual seja, o de que Ali Babá é íntegro, probo, honesto, podemos dizer que, 'Seja honesto, pois que, no final, sempre prevalece a Justiça'. Entretanto, se tivermos como verdadeiras as afirmativas do caro amigo, acerca da personalidade de Ali Babá, em especial a de que, além de surrupiar dos bandidos, nosso herói, no final, não devolveu o tesouro aos cofres públicos, é de se perguntar: que lição moral pretendeu o Autor repassar aos leitores de tal história? Seria, por exemplo, a de que ‘ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão?’, ou no mínimo, '1.001 noites de perdão?' Ou, mais ainda: 'Seja como Ali Babá, o essssperto, e goste de levar vantagem em tudo, certo?' Teria o Autor dessa fábula desejado deixar uma dessas lições morais como legado para as gerações vindouras do mundo inteiro? Parece-me, amigo, que não lemos a mesma história, ou, pelo menos, a mesma versão. Com todo o respeito que me merece, as inúmeras versões que o Sr. afirma ter lido estão muito brasileiras para o gosto da honestidade mundial. Aprofundada sua pesquisa, atrevo-me a prever que encontrará algum 'criativo' conterrâneo não somente a se auto-denominar legítimo autor da história, como até a cobrar pela leitura de sua 'inédita' obra... Abre-te Sésamo e fecha-te boca."

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