SC

15/12/2008
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"Santa Catarina registra 128 mortes devido às enchentes no Estado, segundo a Defesa Civil. Vinte e seis pessoas ainda estão desaparecidas. O número de desalojados e desabrigados chega a 33.479, sendo 6.243 desabrigados e 27.236 desalojados. Esse é o saldo, até o momento, das vítimas da tragédia de Santa Catarina, que mobiliza o Brasil inteiro e, até, brasileiros e estrangeiros no exterior, todos mandando gêneros alimentícios, colchões, mantas, cobertores e, principalmente, dinheiro e roupas para os desabrigados. Por isso, lamentável, absolutamente lamentável o que veio ao noticiário no último domingo, acerca, não dos saques ao comércio e às casas que tiveram que ser abandonadas às pressas. Mas os saques efetuados exatamente por aqueles que deveriam estar ajudando diretamente os desabrigados. O que as televisões mostraram foi exatamente o seguinte:A Secretaria de Desenvolvimento Regional de Blumenau deve mudar os processos de triagem e distribuição de donativos, depois que a reportagem de uma emissora de TV local flagrou soldados e voluntários furtando roupas e mantimentos que deveriam atender às vítimas das enchentes e deslizamentos de terra no Vale do Itajaí. O flagrante ocorreu no Pavilhão 1 do Parque Vila Germânica, em Blumenau. A denúncia foi feita por outros voluntários.O local funciona como um centro de triagem de doações de todo o Brasil e é coordenado pela secretaria, que faz parte da estrutura do governo do Estado. Nas imagens, gravadas com câmera escondida, duas mulheres escolhem roupas em uma pilha de donativos. A matéria foi exibida na noite deste domingo (14). Uma das mulheres chega a comentar com o repórter cinematográfico que é preciso escolher bem. Com um par de tênis nas mãos, que levaria ao filho, ela apontou o descolamento da sola e desistiu de furtar o produto. Na gravação, outra voluntária chega e tenta demovê-las de levar as peças. Elas ignoram e vão para outro corredor escolher produtos. O envolvimento de soldados também é mostrado. Nas imagens, um caminhão chega com mudas de roupas. Vestidos com uniforme do Exército, do veículo, eles arremessam as peças em uma pilha de produtos que devem passar por triagem, chegando a chutá-las. Em seguida, escolhem algumas roupas e colocam dentro de mochilas. Cerca de dez deles conduzem as bagagens até um caminhão do Exército, estacionado fora do parque. Isso já aconteceu antes, no caso do avião da Gol, quando as equipes de resgate 'resgataram' os bens dos mortos, muitos dos quais foram localizados sendo utilizados no Rio de Janeiro tempos depois. A verdade é que o ser humano precisa ser vigiado nessas ocasiões, nas quais uma grande quantidade de bens circula meio sem controle e certas pessoas, destituídas de qualquer caráter, se aproveitam para levar vantagem. Não é possível que uma tragédia desse porte acabe se transformando em fonte de ganho de inescrupulosos."
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