Migalheiros

5/1/2009
Luiz Domingos de Luna

"Aurora, uma janela para o céu

 

Pedi permissão ao tempo

Nas asas do pensamento

Voando vai minha ilusão

Pelos caminhos obscuros

 

Da minha história esquecida

Momentos de vida vivida

Na mais linda sedução,

Pois ainda em tenra idade{...}

 

Deixei minha cidade na construção do meu futuro,

Sonhei, lutei, na selva humana,

ganhei o meu troféu de herói,

construi minha cabana tenho o meu transporte

meu trabalho é o suporte da minha vitória suada,

 

Neste pais eu andei, ralar como eu ralei, lutar como eu lutei dia e noite, noite e dia, busquei no íntimo de minha alma, a estabilidade sonhada

Na poeira de uma estrada que ainda hoje percorro.

Hoje vivo nas metrópoles, nos mais diversos lugares,

 

Adquiri meu espaço com a força da determinação do aço,

Já me vi em pedaços, mas hoje a minha força é a vitória do que faço.

Consegui o que queria numa luta bem renhida,

Luta que se renova no amanhecer a cada dia.

 

Sou um aurorense firme, tenho a minha própria história

Na janela da memória vivo a minha própria emoção

Em ver minha querida cidade respirar o hálito oxigenado,

Que ao mundo me trouxe a luz, na grandeza do momento,

 

Em meu apartamento a lembrança me seduz,

Do rio salgado, as cachoeiras, na beleza de nossa feira,

Do caldo de cana ao aluar, da tapioca ao beiju

Do melaço da rapadura ao canto do sabiá,

 

Naquelas noites estreladas os fogos, reisado,

O apito do trem, as missas bem demoradas,

As renovações bem tiradas, as serenatas cantadas.

De manhã a passarada num canto de louvação.

 

Aquelas horas batidas no sino bem compassado, era sinal de finados,

Ou o repique tocado de um anjinho que ao céu subiu,

Todos para a ABA numa inocência fecunda

Tinha quadrilha, arrasta pé, ao som de uma vitrola, era uma festa junina,

 

Tinha bandeira, tinha roça, tinha quermesse, e quadrilha, broa de milho, quebra-queixo, pão de ló, tinha desfile.

Nesta janela, eu vivo o tempo que não passou, pois ser aurorense é preservar a sua história.

 

Guardar no canto da memória o seu lindo e singelo amor,

Um amor a toda hora, que em todos nós aflora o cheiro forte e polido."

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