TJs

27/1/2009
Walter Barbosa Bittar - advogado e professor de Direito Penal da PUC/PR

"Como migalheiro fiquei decepcionado com a forma como foi noticiada a possibilidade da criação de tribunais 'caipiras' em SP (Migalhas 2.070 - 26/1/09 - "TJs caipiras"). A decepção é porque aqueles que vivem nas capitais adoram utilizar esta expressão, que contém em seu bojo um enorme preconceito eis que, é sempre (ou quase sempre) utilizada de forma jocosa, cuja imagem que logo ocupa a mente é aquela imortalizada por Mazzaropi como o Jeca Tatú. Digo isso por morei 10 anos no Rio de Janeiro e sei bem qual é a intenção do uso da expressão 'caipira' quando os 'da capital' se referem aos 'interioranos'... Na verdade com o crescimento populacional e econômico de várias cidades do interior (Por exemplo: Ribeirão, Campinas, São Jose dos Campos, e no Paraná minha cidade Londrina, que hoje são cidades expressivas no cenário nacional) o termo 'caipira' para referir-se a estas cidades, só pode ter cunho jocoso ou desmoralizante, na tentativa de demonstrar uma suposta superioridade intelectual (ou outra qualquer) daqueles que vivem na capital (e com qualidade de vida inferior é bom que se ressalte). Enfim, como migalheiro espero que este espaço continue a enfrentar os preconceitos e não compactuar com eles, pois - pelo menos em minha cidade - creio não ser cabível o termo 'caipira' para resumir ou caracterizar os habitantes, instituições, universidades, indústrias, etc., das cidades que não são capitais. Ou então vamos começar a fazer referência a grandes professores de direito, fazendo a ressalva de seu 'caipirismo' como, por exemplo, os nacionalmente renomados professores 'caipiras' Fernando da Costa Tourinho Filho (Bauru) e Luiz Regis Prado (Maringá), só para ficarmos na área criminal. Atenciosamente,"

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