Migalheiros por excelência

9/11/2004
Cleanto Farina Weidlich - advogado e professor

"Pronomes de tratamento é o tema. Muito ou muito pouco sobre esse tema se pode elocubrar. Todavia, esses fatos da vida nos ensinam, à primeira impressão, o quão andam distantes os prestadores da jurisdição, da alma dos cidadãos, seus jurisdicionados. Ando com saudades do juiz/amigo; do juiz/aberto ao diálogo franco; do juiz/culto; do juiz/harmônico e conciliador/ do juiz/imparcial; do juiz/conselheiro; do juiz/humano e justo. E essa mesma sensação de nostalgia, de tempos idos, tenho certeza que, com uma certa pitada de medo e incerteza, deve assaltar ao cidadão comum, ao jurisdicionado, quando se depara com o juiz/exigente; o juiz/austero; o juiz/disciplinador; o juiz/inacessível; o juiz/indisponível; o juiz/oculto aos olhos do tecido social. Esse que, infelizmente, para se fazer notar, exige ser tratado de EXCELÊNCIA! Ora, Meritíssimo, esse pronome (que vem antes do nome) é tratamento que se conquista. Exigi-lo, principalmente de serviçais, não é elegante, ético, e nem tampouco, pode ser admitido numa sociedade de homens livres, como a nossa. De qualquer sorte, sempre respeitosamente, em fiel obediência a soberania das instituições democráticas, escrevo a presente nota, apenas para opinar e externar o meu sentimento de saudades àqueles tempos, que os Magistrados - eram verdadeiros mendigos a serviço da causa da justiça - e portanto, por onde passavam, só se ouviam ecos de, ...muito obrigado Doutor, cujo agradecimento, vinha sempre acompanhado da resposta mansa, ...não tem de que, só cumpro a minha obrigação."

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