Indignação

17/11/2004
Armando R. Silva do Prado

"Caros, nestes descaminhos sobre o passado nada edificante dos que violentaram, humilharam, torturaram e mataram em nome de um Brasil que "ou se amava, ou se deixava", passou quase despercebido a entrevista do general Félix, chefe da "Insegurança Institucional" na Folha de domingo. Como diz Clóvis Rossi, na Folha de hoje (16/11), trata-se de chantagem. No mínimo. Diria que é ameaça mesmo, como nos velhos tempos: "não há nada bonito ali", diz o general sobre os documentos em sua posse. "Bonito" por culpa de quem? Quem provocava confissões as mais absurdas? Agora mesmo o doutor Pinaud deixa o governo, por não concordar com a farsa na tratativa desse passado que teima em continuar presente. Está mais do que na hora do governo se posicionar afirmativamente em favor dos direitos humanos, principalmente, daqueles que pagaram alto preço pelo Estado democrático de Direito que temos. Não dá mais para ouvirmos e lermos, generais ou civis que ameaçam e, pior, escondem nossa própria história. Não adianta nomear o vice-presidente para o Ministério da Defesa se, o Executivo e o Legislativo, não se posicionam firmemente a respeito de tais temas, além de outros correlatos: papel das forças armadas, currículo das academias militares, investigação sobre os torturadores que ainda estão por aí rindo de nosso sofrimento (ok, tem a anistia, mas que se levante a verdade), publicidade dos documentos do período, punição exemplar de militares e civis que glorificam o nazismo etc, etc. Perdoem-me a indignação indignada. Oh tempos, oh costumes! Cordialmente,"

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