Circus

28/7/2009
Antonio Conde

"Ilustre migalheiro, a frase que abre esta crônica é simplesmente brilhante (Circus 143 - 24/7/09 - "Reencontro" - clique aqui)! Não poderia deixar de fazer este comentário. Mas não lhe escrevo para comentar isto mas algo que me tocou seriamente quando descobri ou me foi revelado pelo Padre Simões, pároco dessa jóia do barroco, e que sua crônica me lembrou! Não sei se anjos são sempre destros, mas alguns podem ser mongolóides... Pelo menos assim imaginou um sofrido artista. A Matriz do Pilar, em Ouro Preto, a segunda igreja mais rica do Brasil, digna de algumas horas ou dias de estudo pela riqueza não apenas material e cultural, mas de sentimentos de pintores livres e escravos, tem perto de 40 anjos em seu teto e paredes (acho que são 37). Na pintura do teto, em que estão muitos, dois deles são inequivocamente portadores da síndrome de Dow! Não sou capaz de imaginar o que passou pela cabeça do pintor, mas sinto que ele deixou um depoimento de dor para talvez a eternidade! E os anjos ainda podem ser alegres e tristes! Falo em pintores livres e escravos porque existem dois púlpitos nessa igreja: um à direita de quem entra com esculturas de anjos gordinhos e alegres; o outro tem os anjos magros e tristes. O primeiro teria sido esculpido pelo artista (Aleijadinho? não me lembro) e o outro pelos seus escravos. Quanto sentimento! Quanto sofrimento! Mas é a vida! Saudações,"

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