Brasil 2014 - Rio 2016 6/10/2009 Claudia Corrêa "As Olimpíadas se confirmaram e o Brasil já está dividido entre aqueles que estão possessos com a gastação que vai rolar e aqueles que consideram que haverá investimento no esporte, na infra estrutura e na 'autoestima' do país. Eu jogo no segundo time. Embora, na minha opinião, a postura dos esportistas desse 'naipe' é um tanto quanto vaidosa. Infelizmente, sem escapatória, acabam escravos de si mesmo, do técnico, do clube, do bairro, da cidade, do país, enfim do mundo. Tudo em nome da superação. Minha dúvida é: será mesmo saudável esse tipo de superação (imposta)? O princípio do esporte é a saúde, não é? Ao menos, deveria ser. Por outro lado e apesar deste pensamento, talvez errôneo e até contraditório, eu sei (coisa de mulher, nem reparem); me permito torcer e vibrar pelo meu país, ora bolas! Quem não acha lindo ver um cavalo e seu cavaleiro concluindo a sequência de saltos no Hipismo? E aquelas meninas dançando magicamente sobre e sob a água no nado sincronizado? Essa choradeira contra o Brasil sediar as Olimpíadas me lembra aqueles que torceram contra a seleção canarinho na Copa de 1970 (Já li a respeito. Cá entre nós, nessa época, eu ainda nem era nascida. Estou passando o peixe apenas conforme comprei) para não fortalecer ainda mais a imagem de um governo ditatorial, como era o da época. Se o Brasil não tivesse vencido o tri-campeonato mundial, a ditadura teria terminado? Ora. Claro que o ufanismo costuma nublar a realidade, mas também não acho certo perdermos toda a alegria em troca de um manifesto contra nossa política sem-vergonha. Que continuará sem-vergonha, apesar das revoltas, diga-se de passagem. Que tal ampliarmos um pouco as possibilidades otimistas e olharmos por outro ângulo: uma festa olímpica dessa magnitude gera emprego, turismo, reformas, saneamentos, transporte, ou seja, tem também seu lado positivo. Na educação e saúde, que é o que mais precisamos, realmente, não haverá diferença, infelizmente. Mas não consigo boicotar (com tanto rancor) um acontecimento esportivo desse porte por razões políticas. A batalha por moralidade tem que acontecer todos os dias, com ou sem Olimpíadas, e ela começa pelos nossos próprios atos cotidianos. Vamos criar filhos honestos e estaremos dando uma grande contribuição para o futuro do país. Enquanto isso, que venham os recordes e medalhas." Envie sua Migalha