Artigo - Reflexões dum juiz sobre contato com advogados

8/10/2009
Alexandre de Morais

"Li algumas vezes o texto do nobre migalheiro com a atenção merecida (Migalhas 2.243 - 8/10/09 - "Conversas fora dos autos" - clique aqui). A minha conclusão é a de que ele defende o bom senso para uso do mencionado Direito. Nada mais justo e natural. Já estive na posição de ser obrigado a despachar peças com Juízes ou Desembargadores e garanto que não faço isso para tentar ganhar no grito ou escondido da outra parte. O fato é que às vezes as decisões causam um estrago político tão grande na vida da parte que nos sentimos obrigados a argumentar também pessoalmente. Tenho o triste exemplo de viúva morando em caminhão com os seus poucos bens, isso em razão de despacho inicial que se restringe em 'cobrar custas' deixando a tutela para depois... inobstante ser decisão rigorosamente técnica é um absurdo prático e político, pois deixa pendente e certa a concessão da liminar possessória. O Tribunal corrigiu. Às vezes não basta escrever isso. É preciso reforçar pessoalmente. Para mim é uma pena, pois também tenho que parar tudo o que faço para dirigir-me ao Juízo. Muitas vezes (felizmente nunca passei por isso no TJ/SP) ainda somos humilhados em gabinetes, ouvimos frases do tipo 'ele/ela está ocupado'... fico me perguntando: E eu estou o que? passeando? Não acredito que o sistema tenha esse isolamento, creio que muitas vezes o despacho pessoal seja necessário, às duas partes, sob pena de que tamanho isolamento leve ao erro. Às vezes o erro não tem concerto. Portanto, concordo que Justiça de conversa não existe. Isolada da Sociedade ou dos seus partícipes, também não. Saudações."

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