Artigo - Nativos digitais: quem são e o que querem? 30/10/2009 Maria Amélia C. Soares "É sempre gostoso, prazeroso e instigante ler o que escreve o jurista Flávio Gomes (Migalhas 2.257 - 29/10/09 - "Nativos digitais" - clique aqui). Eu particularmente fico ávida quando vejo seus temas. Por exemplo, este último 'Nativos digitais', um título que ficou pequeno diante da complexidade do assunto. Lembro que quando comecei a trabalhar, já estávamos num período pré ditadura, já sentia fortes sintomas de obediência; aliás obediência já anteriormente adquirida pela própria criação familiar, onde incluia-se a benção aos pais, avós, tios. Pedir licença para muitas coisas, não interromper quando os adultos estavam conversando, não colocar os cotovelos sobre a mesa na hora das refeições, e principalmente respeito aos mais velhos, era a regra. Assim, observada a hierarquia tínhamos a noção da grandeza do universo, até o temor pelo universo. Então não era difícil o início profissional, como diziam da casa à praça e o respeito à hierarquia era uma situação fácil, cumprir horário, obedecer ordens, ser pontual, etc. Naquela época tinha uma vantagem, as pessoas no comando eram de muito mais fé, compreensivas, colaboradoras. Assim, a liberdade individual era voltada para a regra do bem viver, talvez a regra áurea era mais respeitada: amai o próximo como a ti mesmo e não fazeis ao próximo... Hoje a atual forma de viver da maioria é pelo desrespeito, individualismo lascado com exigências de direitos, sem ter contribuído um mínimo para conquista desses direitos, quer dizer; encontram as coisas prontas, não criam nada de novo, só usufruírem e exigem. Um cidadão que levou quase uma vida inteira cumprindo horário, ordens, não conseguem direitos como os tem a atual moçada de hoje na faixa dos 13, 15, 18, 20 anos, basta ver que nesta faixa etária eles facilmente possuem celular de 1.000,00 a 1.500,00,computador de última geração, etc., sem ter feito qualquer esforço para isso. Acho que a maioria dos jovens não tem limites; sem frustrações eles nada criam. Penso também que eles não tem a chance de dar um mergulho no seu interno mais profundo, a fim de fazer questionamentos de sua própria existência, afinal todos nós temos um propósito neste plano, estamos aqui para alguma coisa. Exemplo os funcionários públicos de antigamente que ingressavam jovens no serviço público, lembrando que nos órgãos públicos nada se criava, nada mudava, pura burocracia; mesmo assim, muitos funcionários, paralelamente criavam muitas coisas, se tornavam escritores, músicos, poetas, etc. Quer dizer os Nativos digitais não teriam motivos para queixas, afinal, encontraram tudo pronto; o que eles podem sentir é um vazio da não criatividade, a falta de importância de si próprios num mundo quase pronto, então o negócio é se divertir, sublimar o vazio existencial. Eles não imaginam o que era trabalhar debruçado numa máquina de datilografia cujos teclados duros e lentos. Registrar cartão de ponto com minutos de atraso descontados no salário. Em determinada época, ter que pedir licença até para ir à toalete. Finalmente, os únicos que podem se queixar, reclamar, se revoltar e exigir são os idosos, os aposentados mal remunerados, desrespeitados, que muito contribuíram para o progresso atual e que no final quem está usufruindo muito bem disso tudo são os chamados Nativos digitais, os jovens 'insatisfeitos'." Envie sua Migalha