Qual era o uniforme que você vestiu ?

10/11/2009
José Cretella Neto

"Estudei por 12 maravilhosos anos (sem saudosismo), entre o 1º Primário e o 3º Científico, no Colégio Rio Branco. As meninas mudaram de uniforme várias vezes ao longo dos anos e, a partir de um certo momento, as alunas do Clássico e do Científico (como antes se subdividia o Colegial) tinham maior liberdade para trajar-se. A briga maior, segundo me lembro, era quanto ao comprimento da sais, pois em 1963 a modelo britânica Twiggy (lembram ?) introduziu a minissaia e as meninas queriam imitá-la. Para os meninos nunca houve uniforme e o problema era outro: o comprimento dos cabelos. Quem, como eu, tocava (ou agredia, melhor dizendo !) guitarra em um conjunto, sofria com o vigilante Divino (!!), que se postava na porta de entrada e media saias e cabelos. No Curso Primário, não havia problemas, pois as professoras eram, sem exceção, uns amores, chefiadas pela não menos querida e amada por todos, D. Soledade Santos, e as crianças não cometiam 'excessos' (o que quer que isso queira dizer nessa idade!). Já do Ginásio em diante, autuado em flagrante pelo Divino, o contraventor ia para a Vice-Diretoria entender-se com o vice-diretor Luiz Magalhães de Araújo, que nos tratava com a docilidade de um coice de mula e nos suspendia a torto e a direito. Ele e o Martins, seu imediato funcionário da temida 'Vice', soltavam seus respectivos recalques e ignorâncias em cima de nós. Ainda bem que havia a figura extraordinária e carismática do Diretor-Geral, o Prof. Norton Astolfo Severo Baptista, historiador de formação e humanista por vocação. O Prof. Norton sempre procurava conversar com os alunos - um exemplo de diálogo e Democracia, mesmo nos Anos de Chumbo de nossa ditadura. E, embora troçássemos do hino, nas hilárias aulas de Música, do impagável Prof. Mignone, a verdade é que tínhamos orgulho do Colégio, que era muito bom, na época, e colocava quase todos os alunos na USP até sem cursinho. O hino era:

'Salve, salve, Rio Branco altaneiro,
Fanal para os jovens tu serás,
Nome ilustre, viril e sobranceiro,
No coração de todos ficarás !'.
Mas cantávamos nossa versão parodiada:
'Salve, salve, Rio Branco maconheiro,
Banal para os jovens tu serás, [ás, ás ... - em coro]
Nome ilustre, viril e put ... ro,
No coração de todos ficarás!'. [ás, ás ... - em coro ]

Lembro-me do ambiente de respeito entre os alunos, dos alunos pelos Professores e pela Escola e do respeito de todos (Direção, Professores) pelos alunos. O que ocorreu na Universidade Taleban com a aluna de minissaia (também pudera, cobram R$ 199 a mensalidade e todos sabem a arapuca que é ..., imagine-se a 'qualidade' do corpo discente) seria impensável no querido Rio Branco."

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