Qual era o uniforme que você vestiu ? 11/11/2009 Gabriela Guimarães Cavalcanti - estudante de Direito, Juazeiro/BA "Unitaliban revoga expulsão e reconsidera a micro-constitucionalidade da saia de Geisy. Migalhas noticiou: a Uniban - ou, no dito do colunista Macaco Simão, a Unitaliban – 'revogou ontem a decisão de expulsar a estudante que usava trajes diminutos (Migalhas 2.264 - 10/11/09 - "Curta duração").' A expulsão havia sido justificada com o conteúdo de um artigo do regimento interno que apontava a observância da moralidade acadêmica. E então um dispositivo de conteúdo aberto a interpretações transforma-se em exato fundamento para uma expulsão? Se era para 'inconstitucionalizar', 'inconstitucionalizasse' direito, Uniban! Especificasse os milímetros das saias das garotas! Lição bobinha: os dispositivos restritivos de direitos tem conteúdo específico: não se pune com disposições genéricas. Isso é feijão com arroz da noção jurídica. Sobre a manifestação em si: é preciso lembrar que não há distinção ontológica entre o apedrejamento de mulheres há dois mil anos atrás e a reação dos alunos de uma universidade que agridem uma moça em razão de seu vestido. É a lógica da selvageria, o milenar e subversivo hasteamento de bandeiras pseudo-moralistas, que se julgam no direito de banir, humilhar e coagir aos que geram incômodo às aparências puritanas de um contexto social qualquer. Não importa se o vestido de Geisy provocou despeitos, desprezos ou pensamentos sacanas. Nada justifica o vandalismo de centenas de 'desacadêmicos' da Unitaliban. Mas o Magnífico Reitor achou pouco a desarrazoada, infantil e agressiva reação dos alunos e foi fazer besteira maior com o poder da caneta. Ainda bem que o bom senso (ou a postura inquisitiva da imprensa) veio sacudi-lo freneticamente, antes que a coisa inflamasse mais e entupisse de pus jornalístico. As Geisyses do Brasil devem ter aprendido a lição: na dúvida, microvestidos de malha para os passeios ao domingo, não obstante a constitucionalidade de suas micro-liberdades nesse Estado Democrático de Direitos Sincréticos, mais sincréticos que o vestido da pobre moça." Envie sua Migalha