Artigo - Reflexões dum juiz sobre contato com advogados

26/11/2009
Amanda de Abreu Cerqueira Carneiro - OAB/RJ 137.423

"Conforme prevê o artigo 6º, da lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil - OAB), inexiste hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do Parquet, devendo todos tratar-se com consideração e respeito, recíprocos. Quando ainda militava, me deparei com um juiz que, ao me receber, perguntou: - É caso de saúde, Dra? Quando respondi que não, e expliquei do que se tratava, riu, virou as costas e negou conversar comigo (Migalhas 2.243 - 8/10/09 - "Conversas fora dos autos" - clique aqui). Outro magistrado, se encarregou de pedir ao seu secretário que informasse aos advogados, entre alardes e holofotes, que não atenderia ninguém! (advogados e estagiários). Como se não bastasse, um outro pediu que eu conversasse com o secretário (!!!) enquanto passeava pelos corredores do Tribunal. E as horas a fio passam... Coitados dos Secretários... Passam por cada dobrado, e estão sempre ali, dispostos a conversar e ajudar. Ora, se os ministros do STF, com a agenda lotada, recebem de forma especial e com respeito os profissionais, quem são os juízes para agirem assim? Respeito e consideração devem ser recíprocos. São valores de berço, e não é porque o juiz virou juiz, que vai ter 'juizite'. Ele é juiz dentro do gabinete. O juiz tem que atender ao advogado, SIM. E, ao mesmo tempo, o profissional militante precisa ter bom senso para abordar, aguardando entre uma audiência e outra, esperando um outro colega que ali estava antes expor o seu caso, ter polimento, agindo da mesma forma na qual gostaria de ser tratado."

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