Praia

5/1/2010
Alexandre de Macedo Marques

"Passei os feriados de fim de ano no Guarujá, praia da Enseada. Volto assombrado com duas constatações. Primeiro, a completa ausência de qualquer resquício do que seja civilidade ou respeito ao comportamento num espaço público. Segundo, a total passividade -covardia, mesmo- dos agentes públicos cujo poder de polícia lhes é concedido pela sociedade para coibição de comportamentos que firam a legislação, atropelem o bom senso e sejam nocivos aos demais cidadãos. Entre tantos desmandos e manifestações de estupidez cito os carros, SUV's e vans equipados com poderosíssimos equipamentos de som que infernizam a toda a hora a orla da praia e as quadras subjacentes. Parecem ser o brinquedinho preferido dos interioranos que invadem a orla nestas datas. Por curiosidade sempre lia as placas. No interior dos veículos, 2 ou 3 marmanjos, empunhando ostensivamente latas de cerveja, exibindo olhares e sorrisos de mentecaptos, passeavam impávidos  sua impunidade diante da base móvel da PM montada em frente ao Hotel Casa Grande. Ao lado do meu apartamento tem uma casa - típica casa de praia década de 60. Sem móveis, mal conservada, foi alugada para um bando de rapazes. Não posso dar mais detalhes deles, sob pena de ser preso por racismo. Sarados, chegaram em 4 ou 5 automóveis. Montaram uma parafernália de som que nos infernizou diabolicamente. Dia 30, às 7 da manhã, toda a vizinhança foi acordada com musica eletrônica em volume indescritível. Atraído por um súbito alarido fui à sacada. Um dos energúmenos tinha levado uma van até à ao gradeamento de um prédio em frente e tentava derrubá-la. Mais tarde, em conversa com um dos moradores foi-me dito que o energúmeno tentava retirar do prédio uma moça que havia sido sua namorada. A polícia havia sido chamada, ignorando totalmente o pedido de ajuda. Foi aparecer no dia seguinte por interferência de um PM interiorano que estava hospedado nas imediações. Apenas uma pequena amostra do que se transformou o Brasil e o cidadão brasileiro. Cidadãos comuns transformam-se em marginais sem lei.Junto com os assaltantes, traficantes e ladrões dominam a cena. E o que resta de cidadãos responsáveis."

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