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Falecimento

Há 113 anos, morreu Machado de Assis

Aos 69 anos, o escritor já era reconhecido entre os grandes nomes da literatura brasileira. Sua morte foi lamentada por amigos, admiradores e intelectuais da época.

Da Redação

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Atualizado às 12:15

Era madrugada de 29 de setembro de 1908. Há 113 anos, morreu, na casa 18 da rua Cosme Velho, Joaquim Maria Machado de Assis. O escritor, com 69 anos e castigado pela epilepsia, foi levado por um câncer.

Seu legado como romancista, cronista, poeta e teatrólogo o consagrava como o maior nome da literatura brasileira. Já reconhecido entre os maiores escritores do Brasil, a morte do fundador da ABL - Academia Brasileira de Letras foi lamentada por diversos artistas e intelectuais brasileiros, dentre eles o jurista Rui Barbosa, que discursou no velório do escritor.

Machado de Assis foi velado por amigos e admiradores na sede da Academia Brasileira de Letras, da qual era fundador e presidente.

Morte

"Estão de grande luto as letras brasileiras", anunciava o jornal O Estado de S. Paulo em 30 de setembro.

"Morreu hontem pela madrugada, no Rio, o maior, o mais primoroso dos seus cultores. Primoroso como poeta. Os seus são dos mais lindos e mais doces do período do romantismo; a brilha com intenso e inconfundível fulgor entre as joias mais delicadamente cinzeladas da poesia moderna. Ninguém verteu para língua estranha com mais fidelidade e em versos mais fortes alguns tercettos do Dante, e a sua felicíssima tradução do de Poe faria por si só a reputação de um poéta."

 (Imagem: Arte Migalhas)

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Barão do Rio Branco, logo soube do falecimento, telegrafou dando pêsames à Academia, conta o matutino. "Pouco a pouco, a casa foi-se enchendo de amigos e admiradores." Affonso Pena, presidente da República, enviou o seguinte: "Apprenso a essa illustrada corporação sinceros pêsames pelo falecimento do seu preclaro presidente, Machado de Assis, glória da literatura brasileira".

Confira trechos do elogioso texto publicado no jornal paulista:

"Primoroso, absolutamente sem par entre os escritores nacionais, como prosador".

"Ninguém escreve no Brasil com tanta distinção e elegancia; ninguém, finalmente, tem um estylo como elle tinha, apparentemente facil, simples, despretencioso, mas na realidade de uma suprema e innacessível difficuldade, porque era perfeito e íntimo e pessoal como outro nenhum."

"Este raio deste preto, exclamava Eça de Queiroz, em Paris, ao passar os olhos por uma chronica da Gazeta de Notícias, que escreve melhor do que os brancos."

"Artista sempre, artista incomparável, cujo nome será por largos annos a maior honra e a maior glória da literatura nacional."

"Há grande consternação pelo fallecimento do emiuente presidente da Academia de Letras, não só nas rodas políticas, literárias, etc., como no seio das princpais famílias fluminenses com as quaes era elle muito relacionado."

O matutino noticiava que "às 8 horas da noite chegou ao Syllogeo o féretro contendo o cadáver de Machado de Assis", velado na ABL, no salão das sessões. O corpo era acompanhado, entre outros, por José Veríssimo, Arthur Azevedo, Graça Aranha e uma comissão da Associação da Imprensa.

Texto publicado no site da Academia, de autoria de Mariana Filgueiras, conta que: "se o velório fora por demais tranqüilo, o enterro havia de ter 'o esplendor de uma glorificação', como sustentou a edição do Jornal do Brasil de 2 de outubro."

"Entre coroas de flores de fitas azuis, ladeado por seis círios de prata, "enlevava-se a eça mortuária", onde repousava o corpo, em riquíssimo caixão. "O rosto simpático, meigo e venerável que a morte empalidecera fortemente achava-se oculto por um lenço de cambraia", relatou o jornal.

Vida

A vida e obra do imortal escritor ganharam uma análise inédita, sob viés jurídico, em livro recém-lançado pela editora Migalhas: Código de Machado de Assis.

Na obra, o autor, Miguel Matos, uniu suas áreas de interesse para produzir um volume único na extensa fortuna crítica do Bruxo do Cosme Velho.

Matos mostra que a obra de Machado cresce ainda mais se analisada pelo viés jurídico. O célebre enigma sobre a eventual traição de Capitu, em Dom Casmurro, por exemplo, não escapa dessa nova chave de leitura. Para Matos, há uma prova cabal que, até hoje, não foi levada em consideração pelos estudiosos da sua obra.

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