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Multa de 100 salários-mínimos

"Decisão sem fundamento", diz advogado multado por abandonar Júri

Ele abandonou o plenário após a juíza proibir a permanência de sua filha de 14 anos no local. Em entrevista ao Migalhas, ele deu sua versão sobre o ocorrido.

Da Redação

terça-feira, 26 de abril de 2022

Atualizado às 12:06

"Decisão sem fundamento legal." Assim classificou o advogado Anderson Alexandrino Campos, multado pela juíza Élia Kinosita, da vara do Júri/Execuções Criminais de Osasco/SP, em 100 salários-mínimos por abandonar o plenário do Júri após ser proibida a permanência de sua filha de 14 anos no local.

Na ata do julgamento, a magistrada afirmou que o causídico não queria "frustrar" a menina. Ele, em entrevista ao Migalhas, rebateu o argumento e deu a sua versão sobre o ocorrido.

"Sabia que não era caso de repercussão, que não teriam imagens, que não teriam degladiações com promotoria...não era nada que eu pudesse colocar a minha filha em risco ou que pudesse prejudicar o crescimento intelectual dela."

Anderson explicou que faz parte de uma família de juristas, sendo ele, a esposa e o sogro advogados. "As minhas filhas respiram o Direito em casa", pontuou.

O profissional disse ao Migalhas que uma de suas filhas sempre pediu para acompanhar uma sessão do Júri de perto. Ele, então, viu no caso em questão a oportunidade perfeita: segundo ele, era um processo trivial, de réu foragido, em sua cidade, perto da sua casa e no itinerário da perua da escola da menor.

Naquele dia, de acordo com o causídico, o Júri foi iniciado às 10h sem nenhum contratempo, com testemunhas sendo ouvidas. Depois, foi feito um intervalo para o almoço, "numa calmaria como deve ser todo julgamento".

Com o retorno do julgamento e se avizinhando de uma hora da fala da promotora, a filha dele ingressou no plenário, conforme combinado com ele anteriormente, e a confusão começou.

Assista ao vídeo:

Segundo Anderson, o tumulto todo foi criado pela própria juíza. Ele salientou, ainda, que se a magistrada tivesse "usado o bom senso" talvez tivesse aceitado o argumento dela.

"Eu jamais colocaria em risco ou prejudicaria o andamento de um processo."

Em seguida, o profissional explicou como aconteceu sua saída do julgamento. Assista:

Multa

Sobre a multa aplicada, de 100 salários-mínimos, o advogado informou que irá recorrer e afirmou que "a demonstração da ilegalidade, da arbitrariedade, do exagero, da desumanidade e da falta de bom senso" está refletida no valor imposto.

"Isso é muito sério, a questão não é só de pai e filha."

Por fim, disse que espera ter sido uma decisão isolada e que o caso não se repita.

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