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Operação 3FA

Zambelli é alvo de operação da PF que investiga invasão hacker ao CNJ

Em depoimento, hacker da "Vaza Jato" disse que a deputada queria hackear Moraes, e que Bolsonaro questionou sobre invasão a urnas.

Da Redação

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Atualizado às 16:44

A PF deflagrou, nesta quarta-feira, 2, a Operação 3FA, com o objetivo de esclarecer invasão hacker aos sistemas do CNJ e a inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).

Entre os alvos da operação está a deputada Federal Carla ZambelliA parlamentar é investigada por supostamente ter orquestrado a invasão dos sistemas eletrônicos para encontrar vulnerabilidades digitais dos sistemas do Poder Judiciário. O objetivo, segundo a PF, seria "expandir narrativa fraudulenta contra o processo eleitoral brasileiro, com objetivo de tumultuá-lo, dificultá-lo, frustrá-lo ou impedi-lo", contribuindo, ainda, para a disseminação de notícias falsas sobre ministros do STF e do TSE.

Na operação, foi cumprido mandado de prisão contra Walter Delgatti Neto, o hacker da "Vaza Jato" - que teria invadido contas do aplicativo Telegram de autoridades e revelado conversas de Sergio Moro, Deltan Dallagnol e outros procuradores da Lava Jato.

Os mandados foram autorizados por Alexandre de Moraes na Pet 11.626. Também foi autorizada a quebra do sigilo bancário de Zambelli entre junho de 2022 e junho de 2023.

 (Imagem: Mateus Bonomi/AGIF/Folhapress)

Deputada Carla Zambelli é alvo de operação da PF que apura invasão hacker ao CNJ.(Imagem: Mateus Bonomi/AGIF/Folhapress)

Mandado falso

Em 4 de janeiro, surgiu no BNMP um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, supostamente assinado por ele mesmo.

Segundo informações divulgadas pela Agência Brasil, Delgatti confirmou, em depoimento, que invadiu o CNMP e o CNJ, e que a deputada Carla Zambelli foi quem redigiu falso mandado de prisão contra Alexandre de Moraes.

O acesso teria sido feito por uma credencial eletrônica roubada.

Os detalhes sobre o depoimento de Delgatti na PF constam na decisão em que o ministro Alexandre de Moraes autorizou hoje a prisão preventiva do hacker.

Encomenda - Invasão contra ministro

Também no depoimento, o hacker disse à Polícia que recebeu pagamentos da deputada para prestar serviços cibernéticos, e que a parlamentar pediu que ele invadisse o telefone celular e o e-mail do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Antes, ainda segundo o depoimento, a parlamentar teria solicitado a invasão à urna eletrônica ou aos sistemas do TSE. Delgatti, porém, declarou não ter conseguido acesso aos sistemas eleitorais.

O hacker teria se encontrado com a deputada em um posto de gasolina em setembro de 2022, e ela lhe teria dito "que, caso o declarante conseguisse invadir os sistemas, teria emprego garantido, pois estaria salvando a democracia, o país, a liberdade".

Publicação

Em agosto de 2022, um mês antes do suposto encontro, Zambelli publicou foto ao lado de Walter. Na legenda, disse: "Em breve, novidades."

 (Imagem: Reprodução/Instagram)

Em agosto de 2022, Zambelli publicou foto ao lado do hacker.(Imagem: Reprodução/Instagram)

Invasão à urna

Delgatti disse, ainda, que se encontrou com o ex-presidente Jair Bolsonaro no ano passado, no Palácio da Alvorada, onde foi questionado sobre a possibilidade de invasão da urna eletrônica. De acordo com a PF, ele explicou que "isso não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE foi apenas na sede do Tribunal, e o declarante não poderia ir até lá".

Tal visita já havia sido revelada pela revista Veja.

Na decisão em que autorizou a prisão preventiva de Delgatti, em Araraquara/SP, nesta quarta-feira, 2, Moraes cita a reportagem de Veja, com áudios segundo os quais o hacker diz ter contactado funcionários da operadora Tim com o objetivo de invadir o chip do celular do ministro, mas que estes não teriam topado seguir adiante.

Invasão ao CNJ

Segundo informações da PF, a operação deflagrada hoje ocorre no escopo de inquérito policial instaurado para apurar a invasão ao sistema do CNJ, que tramitou perante a JF, mas teve declínio de competência para o STF em razão do surgimento de indícios de possível envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro.

Os crimes apurados ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ e, possivelmente, de outros tribunais do Brasil, 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso em desfavor do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.

Nome da operação

O nome da "Operação 3FA" é uma referência à autenticação de dois fatores (2FA), método de segurança de gerenciamento de identidade e acesso que exige duas formas de identificação para acessar recursos e dados, sendo que, tendo os investigados violado o sistema, foi necessária a atuação do Estado (PF, MPF e Judiciário), que atuou na repressão à conduta criminosa e na prevenção a novas ações semelhantes.

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