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As principais tendências tecnológicas do mundo jurídico

Ainda estão nascendo novas formas de entender o mundo jurídico, transformando o modelo de negócio, proporcionando ao cliente novas formas de valor agregado, que vão além da resolução de conflitos.

11/12/2017

Não há dúvidas que estamos passando por uma nova revolução nas profissões. A tecnologia vai transformar mais uma vez o trabalho humano. Se no século XIX as máquinas aumentaram a produção de produtos substituindo a mão de obra humana por máquinas, agora vivemos uma situação parcialmente semelhante, porém com relação a inteligência das máquinas.

Esse cenário nos leva a pensar se atividades intelectuais como o Direito serão impactadas e nossa proposta nesse artigo é discutir exatamente isso: como as novas tecnologias que vão mudar a rotina dos profissionais do Direito, sejam eles advogados, escritórios de advocacia ou empresas que possuem departamentos jurídicos.

A universidade de Stanford possui um grupo de estudo que concentra advogados, cientistas de dados, empreendedores e pesquisadores para estudar o que a tecnologia pode proporcionar ao universo jurídico e esse grupo possui em sua lista 753 empresas, que já oferecem tecnologias ligadas ao mundo do Direito.

Existem startups oferecendo soluções para as mais diversas situações, mas existe uma tecnologia que impactará ainda mais a rotina dos escritórios. Me refiro a tecnologias capazes de automatizar demandas repetitivas, que tem como foco a mineração e a extração de dados. Máquinas ensinadas a produzir documentos em escala, liberando tempo dos advogados para outras funções ainda mais estratégicas do que apenas preencher contratos, por exemplo.

Significa dizer que o mercado irá exigir cada vez mais eficiência nessas demandas repetitivas para gerar economia de pessoal e mais rapidez na entrega. De forma assertiva, claro! Caso contrário, será muito difícil ser competitivo. Ainda arrisco afirmar que os profissionais serão ainda mais qualificados do que são hoje.

Além da automação, a tecnologia também será capaz de melhorar o poder de análise. Já existem experiências mostrando que computadores serão capazes de elaborar teses com base em dados e em ''sentimentos'' – o que era e ainda é o maior desafio da Inteligência Artificial. Afinal, o Direito não é uma ciência exata que pode ser reduzida a algoritmos de 0 e 1.

As relações cliente-advogados também estão se transformando. Stanford possui duas categorias na lista de empresas que desenvolvem tecnologias para esse mercado: os Marketplaces – sites que criam um ''match'' entre profissionais e clientes. E as plataformas de resolução de conflitos – que são espaços na internet para resolver as disputas antes de chegarem à justiça.

Ainda estão nascendo novas formas de entender o mundo jurídico, transformando o modelo de negócio, proporcionando ao cliente novas formas de valor agregado, que vão além da resolução de conflitos. No trabalho desenvolvido em nossa corporação temos alguns bons exemplos disso, mas isso é assunto para outro artigo.

Se todas essas tecnologias irão perpetuar no mercado, somente o tempo dirá. Mas, é o momento de repensar e continuar aprimorando o que estamos fazendo. Onde podemos ser mais eficientes, onde podemos gerar economia para o cliente e onde precisamos nos aperfeiçoar para não afastarmos da realidade do mercado!

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*Ricardo Nicoletti é advogado do escritório Pires & Gonçalves - Advogados Associados.

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