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Direitos das pessoas com TEA frente aos planos de saúde

Entenda como obter acesso integral ao tratamento para TEA, com um advogado especialista em Direito da Saúde.

26/3/2025

Introdução

TEA - Transtorno do Espectro Autista é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento. Por ser uma condição complexa e multifacetada, o acompanhamento especializado e contínuo é fundamental para o desenvolvimento e a qualidade de vida das pessoas com TEA.

No Brasil, a legislação tem avançado no reconhecimento de direitos das pessoas com autismo, sobretudo no campo da saúde suplementar. No entanto, não são raros os casos de negativa de cobertura por parte dos planos de saúde, o que exige conhecimento legal e, muitas vezes, a judicialização para garantir o acesso a terapias essenciais.

O que é o TEA e por que o diagnóstico precoce é fundamental

O TEA compreende uma variedade de manifestações clínicas, variando de leve a severa. Os sintomas geralmente aparecem nos primeiros anos de vida e incluem dificuldades de linguagem, comunicação social e padrões de comportamento repetitivos.

O diagnóstico precoce e a intervenção imediata aumentam significativamente o potencial de desenvolvimento da criança, possibilitando maior independência e inclusão social no futuro. Por isso, o acesso rápido às terapias adequadas é uma urgência de saúde pública e um direito legalmente garantido.

Terapias indicadas e a obrigação de cobertura pelos planos de saúde

Diversas terapias são comprovadamente eficazes para o tratamento do TEA. Dentre as principais, destacam-se:

Essas terapias são reconhecidas pela ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar como parte do rol de procedimentos obrigatórios, sendo a cobertura por planos de saúde obrigatória, sem limitação de número de sessões, quando houver indicação médica e plano compatível com cobertura ambulatorial ou terapêutica.

Direitos legais dos pacientes com TEA

Os principais direitos estão previstos nas seguintes normas:

Além disso, a RN 539/22 da ANS reforça a obrigação dos planos em fornecer cobertura para tratamentos multidisciplinares para TEA sem limitação numérica de sessões, desde que haja indicação de profissional habilitado.

Negativas indevidas de cobertura: Quando são ilegais

É comum que operadoras de planos de saúde neguem:

Tais negativas, além de ilegais, colocam em risco o desenvolvimento da criança. Em reiteradas decisões, o STJ tem entendido que o rol da ANS é exemplificativo e que havendo prescrição médica, o plano deve custear o tratamento.

Judicialização: Quando e como recorrer à Justiça

Diante da negativa do plano de saúde, é possível e recomendável buscar o Poder Judiciário para garantir o direito ao tratamento. A ação judicial pode ser:

Geralmente, as decisões judiciais têm sido favoráveis às famílias, determinando a cobertura integral e imediata do tratamento prescrito. Em muitos casos, é possível conseguir a liminar em poucos dias.

A importância de um advogado especialista em Direito da Saúde

Contar com um advogado especialista em Direito da Saúde pode ser decisivo. Este profissional conhece as leis aplicáveis, os entendimentos mais recentes dos tribunais e os caminhos processuais mais eficazes para garantir os direitos da pessoa com TEA.

Além disso, o advogado pode atuar preventivamente, orientando sobre a documentação necessária, notificações extrajudiciais e canais administrativos antes de ir ao Judiciário.

Atualizações legislativas e avanços até 2025

Nos últimos anos, houve importantes avanços:

Essas mudanças demonstram que a luta por direitos das pessoas com TEA está em constante evolução e precisa do apoio da sociedade, do Estado e das instituições privadas — inclusive os planos de saúde.

Conclusão

As pessoas com Transtorno do Espectro Autista têm direitos garantidos por lei e não podem ser prejudicadas por práticas indevidas dos planos de saúde. A recusa em custear terapias essenciais é ilegal e deve ser combatida, inclusive judicialmente.

É essencial que as famílias conheçam seus direitos, contem com apoio jurídico especializado e não deixem de buscar o tratamento adequado — um passo fundamental para o desenvolvimento, a inclusão e a dignidade das pessoas com TEA.

Juliana Hasse
Advogada formada há cerca de 21 anos, com MBA em gestão empresarial com ênfase em Saúde - Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, especializada em Direito Médico e Hospitalar (EPD - Escola Paulista de Direito), especializada em Direito da Saúde e de Dados em Saúde pela Faculdade de Direito de Coimbra, em Portugal, Presidente das Comissões Especiais de Direito Médico e da Saúde da OAB Estadual SP (2019/2024 - recondução ao cargo) e da OAB São José dos Campos (2019/2021).

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