Na Praça de São Pedro, o tempo se suspende,
Milhares de olhos erguem-se ao céu cinzento,
O murmúrio dos fiéis mistura-se ao vento,
Enquanto o mundo inteiro, em silêncio, espera.
O bronze dos sinos repousa, contido,
E cada coração pulsa no compasso do mistério.
Atrás das janelas antigas, sombras se movem,
Cardeais em oração, vozes baixas,
O conclave é segredo, é clamor, é esperança.
Lá fora, a multidão se aperta,
Olhares fixos na chaminé solene,
Onde a fumaça — negra ou branca —
Decidirá o destino de uma era.
De súbito, um suspiro coletivo,
A fumaça branca dança, leve,
Como promessa de alvorecer sobre a cúpula eterna.
O sino rompe o silêncio,
E a emoção transborda em lágrimas e cânticos,
Pois, enfim, ecoa o anúncio ancestral:
Habemus Papa!
O peso das eras repousa sobre um nome,
E a esperança renova-se em cada rosto,
Naquele instante, o mundo se faz altar,
E a fé, como a fumaça, se eleva,
Unindo gerações sob o mesmo céu,
No milagre sempre novo de recomeçar.