Em um momento histórico em que as organizações jurídicas convivem com pressões crescentes por produtividade e atualização constante, a gestão da performance humana se vê diante de um ponto de inflexão. A integração entre inteligência artificial, avaliação adaptativa e tecnologias de gestão do conhecimento já não é uma promessa futurista: é um imperativo competitivo.
Nesse contexto, o artigo acadêmico Cibernética da autorregulação, homeostase e lógica difusa: tríade fundamental para avaliar a aprendizagem usando inteligência artificial. publicado em 2024 na Revista Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, com autoria compartilhada por Andrés Chiappe e Angélica Vera Sagredo, oferece uma chave de leitura inovadora e poderosa para pensarmos a performance jurídica a partir de uma abordagem 4.0 de avaliação. Embora o artigo tenha nascido no campo da educação, sua aplicação extrapola esse universo e encontra, na gestão jurídica, um campo fértil e urgente.
Da teoria à prática: a tríade cibernética da aprendizagem
O artigo propõe um modelo conceitual de avaliação que parte da cibernética, ciência do controle e da comunicação nos sistemas, para reconfigurar como avaliamos processos de aprendizagem e desempenho. Ele propõe que qualquer sistema de avaliação moderna, especialmente em contextos mediados por IA, deve estar estruturado em três pilares:
- Autorregulação: capacidade de ajustar a própria ação com base em feedback contínuo;
- Homeostase: manutenção do equilíbrio funcional mesmo diante de variações externas ou internas;
- Lógica difusa: avaliação de fenômenos complexos que não se limitam a dicotomias como certo/errado ou bom/ruim.
No universo jurídico, em que as entregas são multifatoriais, o conhecimento é denso e em constante mutação, e a subjetividade do trabalho intelectual é alta, um modelo de avaliação binário, do tipo “atingiu ou não a meta”, não dá conta da complexidade real. Isso não é apenas uma limitação técnica, é uma barreira epistemológica que impede o florescimento de equipes jurídicas mais autônomas, estratégicas e alinhadas.
Como a IA viabiliza a avaliação 4.0?
A explosão do uso de ferramentas de inteligência artificial generativa entre 2022 e 2025, tanto no ensino quanto nas corporações, criou um novo paradigma para a gestão de desempenho.
A OCDE, em seu relatório Artificial Intelligence in Education and Training (2024), aponta que 78% dos gestores já consideram a IA essencial para viabilizar uma avaliação mais personalizada e responsiva.
A UNESCO, por sua vez, já em 2023 recomendava que a avaliação educacional passasse a contemplar abordagens mais compatíveis com a lógica difusa, a autorregulação e os princípios da cibernética.
Esse movimento chega com força ao setor jurídico. Modelos baseados em IA podem atuar como catalisadores da autorregulação (por meio de feedback em tempo real), da homeostase (com redistribuição automatizada de carga de trabalho), e da lógica difusa (através da análise de múltiplas variáveis para além da produtividade bruta).
Mas isso exige um projeto de gestão estruturado, com dados confiáveis, sistemas de feedback ativos e uma cultura organizacional orientada ao aprendizado.
Case ADVBOX: Taskscore como aplicação da avaliação 4.0 na advocacia
Desde 2018, a ADVBOX vem aplicando esses conceitos na prática com o sistema Taskscore, uma tecnologia de avaliação contínua de performance jurídica que combina automação, lógica difusa e algoritmos de redistribuição de tarefas.
Vamos analisar como cada pilar da tríade cibernética se manifesta nessa solução.
1. Autorregulação via feedback contínuo
O Taskscore coleta, em tempo real, dados sobre a execução de tarefas jurídicas, prazos, petições, despachos, acordos, e os transforma em feedback para cada integrante da equipe. Não se trata apenas de uma pontuação: trata-se de uma ferramenta pedagógica de autoconhecimento profissional. Advogados e estagiários passam a entender seus próprios padrões de produção, identificar gargalos, antecipar riscos e, principalmente, desenvolver autonomia.
Essa autorregulação contínua transforma o gestor jurídico em um orientador estratégico, não em um vigilante operacional.
2. Homeostase pela redistribuição de tarefas
Com base nos dados de desempenho e carga de trabalho acumulada, o sistema Taskscore redistribui automaticamente as tarefas entre os membros da equipe. Isso garante o equilíbrio da operação, princípio de homeostase, e evita sobrecargas localizadas que afetam a qualidade das entregas e o bem-estar do time.
Em termos práticos, a IA atua como uma enzima reguladora da produtividade jurídica, otimizando o uso dos talentos disponíveis e mantendo o sistema funcional, mesmo diante de variações súbitas (férias, licenças, picos de demanda).
3. Lógica difusa na avaliação de desempenho
Ao contrário de sistemas binários, que apenas avaliam se a meta foi cumprida, o Taskscore considera múltiplos critérios qualitativos e quantitativos: tempo de execução, grau de complexidade da tarefa, correções posteriores, devolutivas dos clientes, entre outros.
Esses dados são processados com base em uma lógica difusa que reconhece zonas intermediárias de qualidade, permitindo análises mais justas, ricas e próximas da realidade do trabalho intelectual jurídico.
O resultado? Segundo dados internos da ADVBOX (2025), equipes que utilizam o TaskScore com feedback contínuo aumentaram, em média, 32% sua performance mensal, com maior precisão nas entregas e redução significativa do retrabalho.
Por que isso importa para a gestão jurídica contemporânea?
Gestores jurídicos hoje precisam lidar com três pressões simultâneas: (1) a crescente complexidade do Direito, que exige atualização constante; (2) a dificuldade de reter talentos em um mercado saturado; e (3) a cobrança por resultados mais consistentes, mesmo em ambientes instáveis.
Nesse cenário, a avaliação 4.0 baseada em IA e cibernética não é um luxo, mas uma resposta sistêmica a esses desafios.
Além disso, esse modelo permite alinhar as práticas jurídicas às diretrizes globais de regulação da IA, como as propostas pela UNESCO, pela OCDE e pelas discussões em curso no Senado Federal brasileiro sobre ética algorítmica e transparência em ambientes corporativos.
Da cultura de controle à inteligência coletiva
A aplicação da tríade cibernética na avaliação jurídica nos permite ultrapassar a lógica do controle e migrar para a lógica do conhecimento. Ao transformar a avaliação em instrumento de autodesenvolvimento e equilíbrio organizacional, escritórios e departamentos jurídicos passam a operar com inteligência coletiva, embasada em dados, mas sensível à complexidade humana.
É nesse ponto que a tecnologia deixa de ser um fim e se torna meio, não para substituir o humano, mas para potencializá-lo.
E se houver alguma dúvida de que esse caminho é viável, basta olhar para as bancadas dos advogados que usam o Taskscore. Eles já vivem, hoje, o que muitos ainda acham que é futuro.