Uma parte dos estudantes de Direito amam a justiça e desejam concretizá-la. Ingressam na universidade com um nobre senso da equidade e da igualdade. Advocacia é linda e necessária! De acordo com nossas Constituição Federal, o exercício da advocacia é necessária para a administração da justiça. Que chique, não?
Todavia, há uma parcela que ingressa na universidade pensando que o curso será uma coisa excelente, mas dão de cara no muro. Matérias difíceis e fora da realidade, recheadas de teoria e pouca praticidade. Acontece. Quando se sai do ensino médio, não se sabe o que o curso de Direito será. Sob outro viés, outra parte ama um debate, principalmente os júris simulados. Orgulham-se de postarem nas redes sociais suas performances teatrais. Estão no 1º período do curso e são muito animados, chega a ser bonitinho como as crianças que pretendem serem adultas. A Globo perde pela qualidade dos atores!
Há também alunos que almejam os cargos públicos. Não é Direito por amor, como o primeiro grupo. Para os amantes dos concursos públicos, bem melhor é que o salário caia fixamente na conta bancária e com uma quantia gorda. Um pouco mais de dinheiro não faz mal, eu confesso. E o que dizer dos que amam o estilo de vida do Direito? Roupas sociais caríssimas, carros do ano e o prestígio de ser chamado de Doutor. No entanto, esqueceram-se de entregar o trabalho na data acordada com o professor e da prova de amanhã ("Eu nem estudei, meu Deus!"). Às vezes é melhor distrair a cabeça na festa universitária, que é mais divertida. Não sou muito fã, admito. Mas esfriar a cabeça moderadamente após um semestre de stress é positivo.
Espera! Eu também sou estudante de Direito. Pois é, leitor. Direito é complicado, mesmo. Há uma variedade de graduandos nesta área pluralista, bem democrática. Vou me confessar para você: não sei se é isso que quero... Não sou o melhor aluno ou algum destes arquétipos. Não sou aspirante a jurista, mas aspirante a escritor e amante das palavras. A escrita é minha paixão, solução dos meus males e o papel é meu terapeuta. Derramo sobre ele minha visão do mundo. Minha mãe diz que escrevo bem e ela percebe que sempre gostei de ler. Disse-me para que eu cursasse Direito, pois é a minha cara. E esse é o último grupo, que Suassuna disse certa vez em uma palestra: não é bom de matemática e não gosta de ver sangue. Sobrou o Direito. Cá estou eu.