Quando o assunto é sentenças de grande escala, o papel do gestor de ativos judiciais passa a ter uma dimensão maior: deixa de ser apenas técnico para se tornar também estratégico. Em processos de alto valor - especialmente aqueles que envolvem grandes empresas ou disputas internacionais - o desafio vai muito além de simplesmente obter o pagamento. O que está em jogo, na maioria das vezes, é a capacidade de construir estratégias consistentes, transitar entre diferentes jurisdições e, acima de tudo, transformar decisões judiciais em capital real.
Nesse tipo de operação, nada é simples. Cada etapa, da identificação de bens ao efetivo recebimento dos valores, exige mais do que conhecimento técnico: demanda inteligência analítica e uso estratégico dos dados, domínio jurídico e leitura precisa dos riscos envolvidos. Quanto maior o valor em disputa, maior tende ser a complexidade da operação: estruturas patrimoniais sofisticadas, manobras protelatórias e, em muitos casos, partes localizadas em outros países. É nesse cenário que a atuação de um gestor especializado faz toda a diferença, sendo capaz de conduzir processos altamente complexos com segurança e eficiência, garantindo o resultado positivo da execução.
Em mercados mais desenvolvidos, como o dos Estados Unidos e do Reino Unido, esse modelo já está consolidado. Nesses países, os gestores de ativos judiciais atuam lado a lado com escritórios e departamentos jurídicos na condução de sentenças bilionárias, combinando visão jurídica, inteligência analítica e domínio financeiro e sendo responsáveis por estruturar a operação desde o rastreamento de bens até a condução de diligências e auditorias. Seu objetivo é claro: garantir que o valor das sentenças se converta, de fato, em capitais reais.
No Brasil, esse tipo de atuação ainda está em processo de amadurecimento - mas a evolução é evidente. Com a crescente sofisticação das disputas empresariais, grandes companhias e fundos de investimento vêm recorrendo a gestores especializados, não apenas para acelerar os recebimentos, mas para assegurar que todo o processo seja conduzido com excelência, segurança jurídica e alinhamento às exigências de compliance.
Nesse cenário, algumas práticas vêm se consolidando como diferenciais competitivos importantes: o uso de jurimetria, análises preditivas, adoção de protocolos sólidos de governança e estratégias bem definidas para cobranças internacionais. Tudo isso coordenado por times multidisciplinares que integram conhecimento jurídico, financeiro e tecnológico. Em disputas de alto valor, o diferencial não se encontra apenas no conhecimento técnico, mas na capacidade de litigância, e de conectar inteligência jurídica com visão de mercado.
Ou seja, no fim das contas, não se trata apenas de cumprir o que foi determinado judicialmente, mas de transformar decisões em entrega, sentenças em patrimônio, expectativa em resultado. O gestor de ativos judiciais, passa, portanto, a ser protagonista nesse processo, atuando como ponte entre os interesses dos credores e os limites legais e financeiros apresentados nos autos, além da capacidade de pagamento do devedor - acelerando a realização dos valores devidos e garantindo que tudo seja conduzido com estratégia, ética, transparência e um compromisso inegociável com a eficácia. Porque, quando os valores são expressivos, o verdadeiro desafio não é apenas garantir a decisão pretendida - é transformar o direito em entrega concreta.