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COP30: Impactos e oportunidades para o setor privado

Destaque para o papel do setor privado na transição para economia de baixo carbono, impulsionando negócios verdes, inovação agrícola e liderança em sustentabilidade global.

23/9/2025

A COP30 - Conferência do Clima da ONU de 2025, que será realizada em Belém do Pará, promete redefinir o papel do setor privado na transição para uma economia de baixo carbono. Pela primeira vez sediada na Amazônia, a conferência deve combinar simbolismo político e protagonismo empresarial, já que o governo brasileiro vem convocando empresas a integrarem a chamada “Agenda de Ação”, um grande mutirão global para acelerar a implementação das metas do Acordo de Paris.

Os setores mais impactados devem ser justamente aqueles que estão no centro da discussão climática:

Mais do que uma negociação diplomática, a COP30 funcionará como propulsora de novos negócios e será um marco para o setor privado.

No setor energético, companhias ligadas a fontes renováveis (como solar, eólica e hidrogênio verde) devem se beneficiar da corrida global por soluções de descarbonização. O Brasil, com uma matriz elétrica relativamente limpa e vasto potencial em bioenergia, pode consolidar-se como polo estratégico. Há, ainda, espaço para empresas de infraestrutura e tecnologia que ofereçam soluções em transporte limpo, logística sustentável e monitoramento digital de emissões e biodiversidade.

Para agroindústrias e produtores, o encontro representa uma ampla gama de possibilidades de expansão e inovação. O mercado de carbono é um dos temas centrais, com expectativa de avanços em regras de integridade e governança que podem valorizar créditos de alta qualidade, especialmente aqueles oriundos de reflorestamento, conservação e agricultura de baixo impacto. Produtores rurais que investirem em práticas regenerativas, rastreabilidade e redução de desmatamento estarão mais bem posicionados para acessar financiamento verde e conquistar mercados mais exigentes.

Principais desafios para os setores

A COP30 tende a pressionar setores intensivos em emissões, como siderurgia, mineração, cimento e transporte, que podem enfrentar custos adicionais caso haja o avanço de medidas regulatórias sobre redução de carbono ou barreiras comerciais ligadas ao clima. Empresas que não acompanharem a crescente demanda por transparência em metas e inventários de emissões correm riscos de reputação e até de exclusão de cadeias globais de fornecimento.

Os pontos de atenção para o setor privado incluem o fortalecimento dos planos de transição corporativos com metas claras até 2030; a verificação da qualidade dos créditos de carbono adquiridos; a estruturação de projetos ambientalmente consistentes e financeiramente viáveis e capazes de atrair recursos internacionais, além da preparação de narrativas sólidas sobre adaptação climática e gestão de riscos físicos.

A conferência também é um espaço de articulação e anúncio de compromissos: empresas podem participar como observadoras credenciadas junto à ONU, integrar pavilhões temáticos, marcar presença em espaços paralelos ou se engajar em rodadas de negócios organizadas por câmaras de comércio e associações setoriais. Além disso, a COP30 será acompanhada por uma série de eventos paralelos e digitais, ampliando as possibilidades de engajamento.

Empresas que se prepararem desde já terão não apenas a chance de alinhar os negócios às exigências da economia de baixo carbono, mas de assumir um papel de liderança em uma nova etapa do desenvolvimento sustentável global.

Alessandra Hasegawa
Advogada do núcleo Ambiental do Martinelli Advogados.

Isabela Bernardes
Advogada do núcleo Ambiental do Martinelli Advogados.

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