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Como proteger seus bens pessoais de penhora em dívidas empresariais

Descubra o que realmente funciona para impedir que suas dívidas empresariais atinjam seu patrimônio pessoal - e como a lei pode ser sua melhor aliada.

27/11/2025

Carlos é dono de uma empresa há mais de 15 anos.

Como muitos empreendedores, investiu tudo no próprio negócio - e, quando veio a crise, fez o que achava certo: usou o cartão pessoal para salvar o caixa e colocou a casa da família como garantia.

Agora, enfrenta execuções, e o medo maior não é perder o CNPJ - é perder o lar.

O que Carlos não sabia é que a lei oferece mecanismos para proteger bens pessoais, desde que exista organização, transparência e planejamento jurídico.

A confusão entre CPF e CNPJ é o erro mais comum entre empresários brasileiros - e o mais caro.

Com o devido cuidado, é possível separar o patrimônio da empresa e o da família, evitando penhoras indevidas e garantindo que a crise financeira não destrua o que foi construído em uma vida inteira.

A penhora de bens pessoais em dívidas empresariais ocorre, na maioria dos casos, por falta de separação patrimonial.

O CC e o CPC garantem essa separação - mas apenas se o empresário agir corretamente.

Veja as principais causas que permitem a penhora:

Em todos esses casos, o credor pode pedir o redirecionamento da execução para o CPF, atingindo:

O problema não é dever - é não se proteger juridicamente enquanto ainda há tempo.

Imagine abrir o aplicativo do banco e descobrir que a conta da sua esposa foi bloqueada, mesmo sem ela ter vínculo com a empresa.

Ou receber um oficial de justiça em casa, informando que o imóvel onde você mora será levado a leilão por causa de uma dívida do CNPJ.

Isso acontece todos os dias.

Empresários honestos, que trabalharam duro, acabam sendo tratados como fraudadores - apenas porque misturaram finanças pessoais e empresariais.

A sensação é de impotência.

Você tenta negociar, mas o banco não aceita.

O advogado do credor pede bloqueios sucessivos, e o patrimônio pessoal vira refém.

Mas há uma boa notícia: a Justiça também protege quem age de boa-fé e com transparência.

E existem medidas legais eficazes para impedir que a crise da empresa leve a casa da família junto.

Proteger seus bens pessoais é um direito garantido pela lei, desde que seja exercido com planejamento jurídico e transparência.

Veja as principais estratégias usadas por advogados especializados para impedir penhoras e blindar o patrimônio familiar.

1. Formalize a separação entre pessoa física e jurídica

Tenha contas bancárias distintas e evite qualquer mistura financeira.

Retire recursos apenas por meio de pró-labore ou distribuição de lucros.

Mantenha contabilidade e contratos atualizados.

2 Crie uma estrutura de proteção patrimonial lícita

holding familiar ou patrimonial é uma das formas mais seguras de proteger bens pessoais.

Ela transfere imóveis e investimentos para uma nova pessoa jurídica, fora do alcance direto de credores empresariais.

3. Registre o bem de família (imóvel residencial)

bem de família legal (lei 8.009/90) é impenhorável para a maioria das dívidas, inclusive empresariais.

Mesmo que o imóvel esteja no nome do sócio, não pode ser usado para quitar dívidas do CNPJ, salvo exceções (como fiança em contrato de aluguel).

4. Evite garantias pessoais em novos contratos

Sempre que possível, negocie empréstimos e contratos em nome da empresa, sem aval pessoal.

Se o banco exigir garantia, avalie alternativas com menor risco (alienação fiduciária ou garantias cruzadas entre empresas).

5. Atue preventivamente com assessoria jurídica

O melhor momento para proteger bens é antes do processo começar.

Com acompanhamento jurídico permanente, é possível:

O momento de agir é agora

A pior hora para proteger o patrimônio é quando o bloqueio já aconteceu.

A melhor hora é enquanto ainda há tempo para planejar.

Com orientação jurídica adequada, é possível impedir penhoras, resguardar bens da família e separar de vez o CPF do CNPJ.

A lei não pune quem deve - ela protege quem age com boa-fé e estratégia.

Samir Tomazi
Advogado e sócio do escritório Tomazi Advocacia & Consultoria, é pós graduado e especialista em Direito Bancário. Conta com mais de dez anos de experiência na área e profundo conhecimento da matéria.

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