Em um momento em que cresce a busca por soluções extrajudiciais no Brasil, a Preâmbulo Tech consolidou investimento na startup Acordo Fechado, especializada em mediação de conflitos por meio digital. O movimento não é isolado: escritórios de advocacia e departamentos jurídicos têm recorrido cada vez mais a plataformas de ODR - Online Dispute Resolution como forma de reduzir o tempo e o custo das disputas.
“Há tempos estávamos buscando soluções que auxiliassem nossos clientes a encurtar o prazo de duração de um processo judicial”, afirma Marcos Lessa, CEO da Preâmbulo Tech. Segundo ele, a Acordo Fechado surgiu como a plataforma mais madura do mercado. “Investimos porque era - e ainda é - a melhor solução de autonegociação para o setor jurídico, especialmente na automatização de negociações.”
Alternativas ao Judiciário ganham tração no país
A opção por tecnologias de mediação digital ocorre em um cenário em que o Judiciário brasileiro acumula mais de 80 milhões de processos em tramitação, segundo dados do CNJ. Diante desse gargalo, a resolução consensual de conflitos vem ganhando relevância, inclusive com apoio institucional, como o estímulo à conciliação previsto no novo CPC.
Nesse contexto, ferramentas como a da Acordo Fechado permitem que advogados atuem diretamente na negociação de acordos com uso de IA, automação de comunicações e geração de documentos com assinatura eletrônica. O diferencial, aponta Lessa, é a integração da plataforma com os sistemas de gestão jurídica (ERPs) já utilizados pelos escritórios.
“Os escritórios que atendem grandes carteiras passivas podem incorporar todas as funcionalidades da plataforma de acordos nas rotinas de trabalho já configuradas nos ERPs”, explica o CEO.
Parcerias para escalar acordos
Para Rafael Silva, CEO da Acordo Fechado, o alinhamento entre as duas empresas vai além da integração tecnológica. “Nosso propósito é escalar a realização de acordos no segmento jurídico por meio de tecnologia e automação. A parceria com a Preâmbulo nos conecta diretamente a milhares de advogados que já operam dentro do ecossistema deles”, afirma.
A plataforma já foi adotada por dezenas de novos escritórios desde o início do investimento, com dezenas de milhares de processos negociados. A startup também lançou, com apoio da Preâmbulo, o JARVIS, uma IA que executa cálculos judiciais complexos e vem sendo utilizada por diversos departamentos jurídicos.
“O JARVIS aumenta em até 10 vezes a capacidade de produção dos escritórios e elimina erros humanos”, diz Silva. Segundo ele, a demanda por automação é cada vez mais pragmática: menos sobre inovação de imagem e mais sobre viabilidade operacional.
Consolidação de um ecossistema jurídico digital
O movimento da Preâmbulo está em linha com uma tendência já consolidada no setor: grandes empresas de tecnologia jurídica não apenas oferecem sistemas, mas integram soluções de terceiros por meio de investimentos ou parcerias estratégicas. A ideia é construir um ecossistema completo e interoperável.
Ao comentar esse movimento, Lessa destaca que a automação deixou de ser um diferencial para se tornar uma condição mínima de competitividade. “O advogado está assumindo um papel mais estratégico, e isso só é possível quando ele consegue delegar tarefas operacionais a sistemas inteligentes.”
Com o investimento, a Preâmbulo reforça sua posição como uma das principais articuladoras do mercado jurídico digital. Mas, para além da expansão do portfólio, o recado parece claro: o futuro da advocacia passa pela mesa de negociação - e pelo código-fonte.