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A artista plástica Maria Bonomi

7/1/2005

 

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A artista plástica Maria Bonomi foi tema da coluna de Gilberto Dimenstein na Folha de S. Paulo, do dia 5/1/2005.

 

Saboreie o delicioso artigo.

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Para sempre

 

Aflita, Maria Bonomi perguntou à mãe por quanto tempo ficaria fora da Itália, onde a família enfrentava problemas políticos. Nunca mais se esqueceria do choque da resposta curta e direta. "Para sempre", disse a mãe, enquanto, entristecida, arrumava as roupas.

 

Chegar a São Paulo, em 1946, significou para aquela menina de 11 anos fugida da Europa, através da Suíça com uma parada no Rio, a certeza de que o caminho não tinha volta. "Eu sabia que era para sempre." Ela consegue rememorar detalhes de sua chegada, quando, atenta ao movimento da estação, quase todas as pessoas usando chapéu, achou estranha a ordem de seu avô -um homem que levou a sério a idéia de ficar para sempre não numa cidade, mas na história de um país.

 

Lembra-se de que, ao pegar o carro, seu avô Giuseppe Martinelli, que vivia havia muito tempo no Brasil, ordenou ao motorista: "Não passe perto do edifício Martinelli". Não queria se aborrecer. Ele erguera o primeiro arranha-céu de São Paulo; era tão grande que muita gente achava que desabaria. Para desfazer as dúvidas, decidiu morar no último andar de sua construção. O edifício sobreviveu, mas ele desabou: perdeu dinheiro e, com as dívidas, deixou apenas o sobrenome em sua maior obra.

 

Pelas portas da estação da Luz, a cidade de São Paulo entrou na vida de Maria Bonomi como na dos milhões de imigrantes, todos, a exemplo de seu avô, querendo construir alguma coisa e decididos a viver para sempre na cidade. "Aquele espaço sempre transmitiu a mim a sensação do medo e da descoberta", conta ela, que iria transformar-se, a partir da década de 50, numa das referências brasileiras nas artes plásticas. Percorreu o mundo, estudou em vários lugares, mas o Brasil seria o seu lugar para sempre.

 

Ela foi convidada, no final do ano passado, a voltar à estação da Luz para fazer um painel que contasse um pouco da história e da emoção daquele lugar. Inaugurado no início deste mês, o painel de 73 metros de comprimento mescla referências ao café com referências aos povos árabe, judeu, italiano, espanhol e nordestino, que chegaram, como ela, por aquela porta.

 

Com esse painel, a menina italiana, ficou "para sempre" na estação que a recebeu.

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