Diagnóstico Tax ESG como ponto de partida para a implementação de soluções tributárias sustentáveis
A transação tributária sustentável integra ESG à governança fiscal, criando valor econômico, social e ambiental para empresas no Brasil.
terça-feira, 3 de junho de 2025
Atualizado às 10:27
A evolução do sistema tributário brasileiro e a incorporação de diretrizes ESG - ambientais, sociais e de governança à governança fiscal das empresas sinalizam o surgimento de um novo paradigma: a transação tributária sustentável como instrumento de impacto socioambiental, reputação e competitividade.
Esse movimento está ancorado em normas recentes, como a lei 15.103/25 - que introduziu o § 13 no art. 11 da lei 13.988/20 - e a portaria PGFN 1.241/23, que consagram a obrigatoriedade de perseguir objetivos e ações de desenvolvimento sustentável em transações tributárias.
Neste cenário, o Diagnóstico Tax ESG se destaca como a ferramenta inicial e essencial para empresas e operadores jurídicos que desejam alinhar regularização fiscal, eficiência operacional e protagonismo sustentável.
1. O Diagnóstico Tax ESG: Base técnica e diferencial competitivo
O Diagnóstico Tax ESG vai além da simples identificação de débitos e créditos fiscais. Ele integra de forma articulada três eixos centrais:
- A análise fiscal e contábil tradicional, levantando todas as pendências e oportunidades de créditos e compensações;
- A conexão dos compromissos ESG assumidos pela empresa com as exigências normativas e as melhores práticas de mercado; e
- A construção de um plano que vincule essas dimensões a ganhos de reputação, competitividade e acesso a mercados que cada vez mais exigem a demonstração de governança socioambiental responsável.
Essa abordagem transformadora posiciona o Diagnóstico Tax ESG como ponto de partida de um ciclo virtuoso que fortalece a saúde financeira e a performance estratégica da empresa.
2. Integração entre regularização fiscal e governança socioambiental
As inovações normativas no Brasil refletem tendências globais que já consolidam a sustentabilidade fiscal como elemento-chave para a construção de reputação empresarial.
A portaria PGFN 1.241/23, por exemplo, orienta que as transações tributárias considerem, de forma prática e referencial, os ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.
Essa diretriz reforça a ideia de que a regularização fiscal não pode mais se restringir à função arrecadatória: ela deve incorporar compromissos socioambientais e ações de governança que projetem a empresa no mercado como referência de responsabilidade e transparência.
Ao consolidar compromissos ambientais, sociais e de governança em seus planos de transação tributária, as empresas demonstram capacidade de gerar resultados que transcendem a eficiência fiscal. Passam a ser reconhecidas como parceiras do Poder Público na construção de uma economia mais verde, inovadora e socialmente responsável.
3. O papel do Fundo Verde e as sinergias com o PATEN
A lei 15.103/25 também cria o Fundo de Garantias para o Desenvolvimento Sustentável, conhecido como Fundo Verde, sob a gestão do BNDES. Esse fundo atua como catalisador de projetos que alinham a regularização fiscal ao desenvolvimento sustentável e à modernização de matrizes energéticas.
Na prática, o Fundo Verde amplia as possibilidades de acesso a recursos estratégicos para empresas que, ao implementar soluções tributárias sustentáveis, desejam também financiar ou potencializar projetos de impacto. Ele conecta a regularização de passivos com linhas de crédito lastreadas na economia verde, ampliando o potencial de liquidez e de inovação.
Essa sinergia entre o Diagnóstico Tax ESG, a transação tributária sustentável e o Fundo Verde cria oportunidades concretas: liquidez imediata, financiamento de projetos estratégicos e fortalecimento da imagem corporativa perante investidores e parceiros comerciais no Brasil e no exterior.
4. Uma governança integrada e alinhada às melhores práticas
A estruturação do Diagnóstico Tax ESG requer visão técnica e estratégica:
- Diagnósticos fiscais e contábeis detalhados, considerando débitos, créditos e potenciais compensações;
- Mapeamento de compromissos ESG já existentes e oportunidades de fortalecimento dessas práticas no contexto das transações tributárias;
- Alinhamento contábil e jurídico para consolidar as ações de regularização fiscal com compromissos mensuráveis de desenvolvimento sustentável.
Essa governança integrada gera não apenas segurança jurídica, mas também diferenciação competitiva.
Empresas que adotam o Diagnóstico Tax ESG como ponto de partida não apenas regularizam pendências, mas também fortalecem sua posição como agentes ativos na transição para uma economia de baixo carbono, inclusiva e inovadora.
5. Conclusão e perspectivas: Onde regularidade fiscal encontra protagonismo sustentável
A consolidação da transação tributária sustentável no Brasil, impulsionada pela legislação recente e conectada ao movimento global de responsabilidade socioambiental corporativa, cria um ambiente propício para empresas e instituições que desejam transformar desafios fiscais em alavancas de crescimento.
O Diagnóstico Tax ESG, nesse contexto, não é uma etapa burocrática. É o ponto de partida para consolidar uma cultura de sustentabilidade fiscal e reputacional, alavancando a performance financeira e criando oportunidades de negócios em mercados cada vez mais exigentes e atentos aos compromissos ESG.
A experiência prática em sinergia com relatórios de gestão, revisão e planejamento fiscal, e a expertise na articulação de soluções lastreadas nas inovações legislativas, assim também no escopo público-privado do Programa ESG20+ e no Marco Regulatório ESG para o Desenvolvimento Sustentável - comprova que a integração entre governança tributária e governança socioambiental não é apenas viável: é um diferencial estratégico essencial.
Essa convergência representa a essência de um novo modelo de negócios: mais eficiente, mais responsável e mais alinhado aos desafios e às oportunidades de um futuro sustentável.
Alexandre Arnone
Advogado especialista em Direito Empresarial e Tributário, atuou como Presidente da Câmara de Comércio Mercosul, Chairman de um Grupo de Institutos nas áreas de mobilidade aérea, social e ambiental.
Sóstenes Marchezine
Sócio-Diretor, Grupo Arnone e Arnone Advogados em Brasília. VP, Instituto Global ESG. Representante da OAB, CNODS/PR. Diretor, Comissão Carbono, CFOAB. Secretário, Frente ESG na Prática, Congresso.



