Artigo - Lula, um democrata, um estadista? 13/9/2012 Fábio Cantizani Gomes "Mesmo não sendo filiado ao Partido dos Trabalhadores e possuindo várias críticas ao seu governo, não posso concordar com boa parte das acusações feitas no texto do jornalista Gilberto de Mello (Migalhas 2.957 - 12/9/12 - "Democrata e estadista ?" - clique aqui). Devemos lembrar que durante quase todo seu governo, Lula foi incansavelmente criticado por boa parte da sociedade, da imprensa e principalmente dentro do seu próprio partido, pela ala dita mais radical, por manter a política econômica do governo anterior baseada na estabilidade conseguida devido as altas taxas de juros que sobrecarregavam a população. Seria este um exemplo de demagogia onde se coloca os interesses partidários acima do Estado? Lula ainda pautou-se por critérios técnicos na escolha do Presidente do Banco Central e nas indicações de vários cargos nos Ministérios, Judiciário e Ministério Público. Tome-se como exemplo a grande maioria de suas indicações para o STF e para Procurador-Geral da República e a isenção e independência que estes indicados estão tendo na acusação e julgamento de membros do partido do ex-presidente no dito 'processo do mensalão'. Acrescente-se que, neste quesito, é notório que vários dos antecessores de Lula na Presidência não se fiaram nos mesmos critérios para estas indicações, sendo beneficiários de 'bancadas' que defendiam seus interesses no STF e até mesmo de um 'Engavetador-Geral da República', apelido utilizado para demonstrar o procedimento que era adotado quando era exigida atuação do Ministério Público na apuração e acusação de práticas ilícitas por parte de integrantes dos governos anteriores. Seriam estes antigos Presidentes os democratas e estadistas que governaram nosso país? Se continuarmos comparando o governo Lula com os anteriores, sobretudo com seu antecessor imediato, chegamos no episódio em que, no penúltimo ano de mandato de Lula, aventou-se a possibilidade no Congresso Nacional de encaminhamento de Proposta de Emenda Constitucional para modificar as regras vigentes da reeleição, possibilitando o Presidente da República de concorrer a um terceiro mandato consecutivo, hipótese que foi rechaçada de imediato por Lula. Questiona-se, esta teria sido a postura de um demagogo que coloca seus interesses pessoais a frente dos interesses do Estado? Democrática e estadista foi a postura de FHC quando em 1997 aceitou e incentivou (desprezando-se aqui as comprovadas denúncias de compra de votos) a aprovação da emenda da reeleição que o possibilitou de concorrer a um segundo mandato na Presidência? Também pode ser considerado estadista quem entregou grande parte do patrimônio público brasileiro em suspeitíssimos processos de privatização? Inobstante às várias críticas que podem e devem ser feitas ao governo Lula, é forçoso reconhecer que, na comparação com os governantes anteriores, ele tenha se comportado como o mais democrata e estadista entre mais recentes Presidentes brasileiros." Envie sua Migalha