Chapa Dilma-Temer

5/4/2017
José Fernando Minhoto

"Sou juiz há 24 anos e certa vez julguei ação penal complexa, caso rumoroso, com sete réus, sete advogados, audiências que duraram 12 horas (uma delas acabou a uma da madrugada), mais de oito 'habeas corpus' impetrados (incluindo o STJ) e 22 testemunhas ouvidas, além de extensos laudo periciais para examinar e, dentre os memoriais defensivos, um com mais de 200 páginas (Migalhas 4.086 - 5/4/17 - "De volta para o passado" - clique aqui). Quanto prolatei a sentença o feito contava 11 volumes (cada volume tem 200 páginas) e inúmeros apensos e não tive nenhum assessor (como não tenho até hoje) para 'destrinchar' o processo. Uma escrevente fez um índice dos volumes e só. O resto fiz tudo sozinho, inclusive pesquisa de doutrina em livros (na época - 12 anos atrás - ainda não se tinha tantos recursos como hoje e a comarca de interior onde eu judicava era precariamente informatizada). Entre a data do crime e a da prolação da sentença foram exatos dois anos, com trabalho hercúleo e muita dedicação, além de tocar uma vara cumulativa com mais de sete mil processos. Diante disso, acho curioso essa gente de Brasília, com todo o aparato formidável de que dispõe (a começar do suntuosíssimo prédio do TSE), não conseguir julgar um único processo que, segundo ouvi dizer, tem só mil páginas ou pouco mais que isso, em dois anos e meio e ainda querer delongar mais, sabe-se lá até quando. Não é a toa que o conceito do Judiciário perante a opinião pública é cada vez pior."

Envie sua Migalha