Migalhas de Peso

A ascensão da litigância climática e os termômetros de sua empresa

O uso de ferramentas do direito como arma para tentar deter a degradação ambiental só aumenta. Sua empresa está preparada?

27/12/2023

Os termômetros indicam duas tendências para o novo ano. A primeira você está sentindo na pele: o aquecimento global trará mais e mais calor para este rincão do planeta. A segunda está relacionada à primeira: indivíduos, grupos, ONGs, associações e governos vão recorrer, cada vez mais, a ações judiciais contra empresas que consideram responsáveis por danos ambientais e seus consequentes impactos climáticos.

Entramos na era da litigância climática, o uso de ferramentas do direito como arma para tentar deter a degradação ambiental.

Relatório do Programa para o Meio Ambiente da ONU mostrou que o número de casos relacionados às mudanças climáticas mais que dobrou no mundo desde os primeiros registros, passando de 884 em 2017 para 2.180 em 2022, formando um campo de direito já bem definido.

No Brasil não é diferente. O JUMA, grupo de pesquisas da PUC do Rio de Janeiro, criou uma base de dados pública com informações sobre litígios climáticos nos tribunais nacionais. O Brasil é líder em número de ações sobre o tema entre os países em desenvolvimento, com 70 casos até setembro de 2023.

O que isso significa para sua empresa?

Significa avaliar e reavaliar os riscos climáticos específicos associados às operações da empresa, da cadeia de suprimentos à distribuição, e adotar práticas concretas, mensuráveis e transparentes de responsabilidade ambiental.

Não seja pego em flagrante de climate-washing, posar de amigo do ambiente em relatórios, publicidades e embalagens que não correspondem ao dia a dia real da empresa.

Mantenha-se informado sobre regulamentações climáticas em constante evolução. Seja transparente em relação às emissões de gases de efeito estufa e outras práticas ambientais. Relatórios detalhados demonstram o compromisso da empresa com a responsabilidade ambiental.

Considere a aquisição de um seguro de responsabilidade ambiental para proteger a empresa contra possíveis custos associados a danos ambientais.

Fortaleça práticas de governança corporativa que incorporem considerações ambientais. Isso envolve a criação de comitês especializados, avaliação permanente de riscos e atualizações para o conselho de administração.

Busque orientação legal especializada para entender melhor os riscos específicos e desenvolver estratégias de prevenção.

Prepare-se. O calor vai aumentar, em todos os sentidos.

Izabela Rücker Curi
Advogada e sócia fundadora do escritório Rücker Curi Advocacia e Consultoria Jurídica e da Smart Law, uma startup focada em soluções jurídicas personalizadas para o cliente corporativo, que mesclam inteligência humana e artificial. É board member certificada pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa IBGC-São Paulo, mediadora ad hoc e consultora da Global Chambers na região Sul. É mestre em Direito pela PUC-SP e negociadora especializada pela Harvard Law School.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Artigos Mais Lidos

As mensagens enviadas por WhatsApp após o horário de trabalho podem configurar horas extras?

15/5/2024

A legalidade da cobrança de dívida prescrita no Brasil: Uma análise jurídica e a atuação do direito bancário no combate à advocacia predatória nesses casos

16/5/2024

A obrigatoriedade de cobertura frente ao futuro da saúde e o avanço do Judiciário

16/5/2024

Compliance: Uma resolução atual para os problemas das mais diversas instituições

15/5/2024

Primeiras impressões do provimento 161/24 do CNJ

16/5/2024